Os You Can't Win, Charlie Brown estão de volta! E recomendam-se.

Não é todos os dias que nos apanham num concerto sem conhecermos aquilo que vai ser tocado. Mas foi o que aconteceu no passado sábado, dia de apresentação de "Diffraction / Refraction", o novo álbum dos You Can't Win, Charlie Brown (adiante referidos como YCWCB), que sai oficialmente hoje.

E posso dizer-vos que foi bom, muito bom. Aquele sentimento de descoberta, estarmos na plateia sem vícios, sem ideias no que respeita à interpretação das canções que já ouvimos vezes sem conta. Mas com as devidas expectativas.

Foi em 2012 que os vi, pela primeira vez, num concerto especial no Cinema São Jorge, para que pudessem estar presentes na edição desse ano do SWSX em Austin. Maravilhoso, de novo e à semelhança do que acontece com muitos projectos nacionais, sentimos a paixão pela música, a amizade, a cumplicidade. E a ausência de pressão. Como se continuassem a ser um grupo de miúdos que se querem apenas divertir.


Mas o tempo passa, e hoje os elementos que compõem os YCWCB estão mais velhos, como nós, mais maduros, mas não menos nervosos - diz que foi a primeira vez que se juntaram em palco para tocar as canções do álbum novo.

Centro Cultural de Belém composto para os receber. Infelizmente, não esgotou, mas quem lá esteve, como eu, não se arrependeu de certeza. Uma hora e meia de canções sublimes, tão complexas como harmoniosas. E com um jogo de luzes fabuloso, do início ao fim, que deu ainda mais intensidade ao espectáculo.

E houve algo que saltou de imediato. As novas canções são menos coloridas que as de "Chromatic" (2011), mas não pensem que são sombrias. Longe disso. São intensas, serenas, provavelmente um reflexo da evolução dos 6 elementos enquanto pessoas, enquanto músicos, enquanto banda. E isso também se nota ao vivo. Desta vez, estão dispostos no centro, cada um no seu espaço mas em harmonia total - ao contrário do concerto no São Jorge em que se apresentaram em blocos individuais, espalhados pelo palco.


Do alinhamento, fizeram parte temas novos e mais antigos. A intensidade de "After December" (o segundo single), a delicadeza de "Fall For You" (o violoncelo na versão em disco é absolutamente arrebatador...) ou de "I Wanna Be Your Fog", passando pelas melodias irresistíveis de "A While Can Be a Long Time", "I've Been Lost" (que foi definitivamente o momento maior do concerto). "Sort Of", recuperada do EP, foi um regresso a um passado já distante mas não menos feliz, e "Post Summer Silence" um momento simplesmente arrepiante - o tema é de uma extrema beleza sonora e claramente um dos meus preferidos do novo trabalho!


Pelo meio, os coros afinadinhos de "From Her Soothing Mouth", "Until December" e "Over The Sun" - a gerar novo entusiasmo no público, preparação perfeita para recebermos a emoção de "Be My World" antes do encore.

Sem surpresas, a banda regressou ao palco, com "An Ending", "Heart" e "Natural Habitat", que com o seu ritmo contagiante, foi o encerramento ideal para uma noite brilhante.


Resta-me só falar das outras canções, as que não entraram no alinhamento - porque nestas coisas nunca há tempo para tocar tudo... De uma riqueza instrumental impressionante, "Shout" é emocionante, "Under" é mais dramática e "Won't Be Harmed" vai-nos conquistando e crescendo no ouvido a cada audição.

2014 está só a começar, é certo, mas "Diffraction / Refraction" pode muito bem ser um dos álbuns do ano, sem a menor dúvida. E isso só nos pode encher de orgulho.

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