Entre a noite e o dia, com KWABS

Ando há dias para falar sobre Kwabena Adjepong (mais conhecido por Kwabs), inglês (pois claro), de origem ganesa, infância difícil (diz-se) e formação musical em jazz.

Não tem sido fácil.
Kwabs é daqueles artistas que transportam tanta emoção na voz que fico sem saber o que dizer.
O tom de voz é fascinante, perfeito para canções onde impera a escuridão, o desespero, uma dose q.b. de sentimentos negativos. Ao mesmo tempo, encontro sempre a luz, aquele pedaço de força, esperança no amanhã.

A escrita é emotiva. A entrega de Kwabs em cada canção, a escala vocal e o controlo com que assume as variações de tom é impressionante.


"Last Stand" foi o primeiro tema que descobri. Mexeu comigo de imediato. A sonoridade é densa - não terá sido à toa que a produção ficou a cargo de SOHN - e a voz arrepia, de tão intensa.

«keep the devil watching over me, save me, save me...»

Pouco depois, encontrei uma versão de um tema de James Blake, "The Wilhelm Scream", que é tão apaixonante como o original - e isso é quase impossível de acontecer! A voz - sim, outra vez a voz - é envolvente e a letra com que Kwabs complementou a canção faz tanto, mas tanto sentido...



Em "Wrong Or Right", percebi porque é que Kwabs é o artista que encarna melhor essa coisa do «electro-soul». A sua voz é o lado quente da música, e assenta de forma perfeita entre os sons frios que resultam da cena electrónica.



"Pray For Love" assumiu um lugar especial em mim. É daquelas canções que puxam pelas minhas recordações mais difíceis. Um pedido de ajuda em tom de esperança, daquelas canções que nos confortam e que nos animam nos dias mais negros, eu acho. Funciona comigo. É uplifting. E dá-me a força que às vezes preciso.



Há pouco tempo, cruzei-me com as restantes canções dos EP's. A melodia ao piano de "Brother" intensifica a sua voz e revela a sua delicadeza. "Spirit Fade", com as suas notas mais escuras, e uma produção que lhe presta uma carga mais dramática, é o reflexo mais visível da (constante) luta interior de Kwabs.

«maybe i'm afraid to see, maybe i'm afraid to go free».

Em "Something Right", encontrei uma energia fantástica, muito por culpa da bateria, ao jeito de «marching band». E é brilhante para exorcizar os sentimentos mais negativos. Tal como "Into You", que é o mais alegre de todos os temas de Kwabs lançados até agora. Um ritmo contagiante, o lado mais animado da estória (sofrida) que o artista conta através das suas canções.


Kwabs não tem uma voz que se ouça todos os dias. Talvez seja por isso que se destacou de tudo o resto que tenho ouvido.
E depois há a cena da produção. Nada parece deixado ao acaso.
Já tinha percebido isso com Banks e com SOHN, este último também a dar o toque especial num ou noutro tema de Kwabs. É incrível como esse trabalho faz toda a diferença na canção...

Da "frieza" da electrónica e do "fervor" da soul na voz, nasceram os EP's de Kwabs.
Profundos, intensos, ricos e apaixonantes. Com canções que nos aquecem e nos reconfortam.
E o disco de estreia vai de certeza dar outra cor ao outono / inverno de 2014.

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.