O verão chegou com os Chromeo

«Tenho saudades do bom tempo, do Verão e das férias.»
É isto que me vem à cabeça quando ouço "White Women", o novo disco dos Chromeo.

O seu som tem sol, praia, mar, esplanadas, amigos. E que bem que isso soa...
(claro que também tem outras coisas, porque o título não engana. Fala de emoções reais, do lado com menos glamour do amor e das relações, o lado mais neurótico, mais egoísta - mas em tom irónico. E sempre com estilo.)

Apesar de não ter sido a primeira amostra, "Jealous (I Ain't With It)" é sem dúvida a mais viciante, com um ritmo e um refrão que colam desde a primeira escuta.
Acho que pode muito bem ser um dos temas mais catchy do ano. E é seguramente um dos temas do Verão 2014.

Mas há mais em "White Women". Ao longo de doze canções, os Chromeo levam-nos numa viagem ao passado. O regresso ao funk dos anos 70, os riffs de guitarra incríveis dos anos 80, os sintetizadores, as bolas de espelhos.

E motivos para o pézinho de dança é coisa que não falta.

Quer seja com a ajuda de Toro Y Moi na dançável "Come Alive", ou o instrumental familiar de "Over Your Shoulder" - que para mim, tem muito de "Random Access Memories" dos Daft Punk...

Ou o tom super funky de "Sexy Socialite", com os seus ritmos animados sempre em crescendo - e uns pózinhos de anos 80 com aqueles riffs de guitarra que me lembram sempre o Prince...

Paragem nos anos 80. O tema com Solange, "Lost On The Way Home" poderia muito bem ser interpretado por Whitney Houston... E não sei porquê, mas associei-o logo aos filmes com o Tom Cruise quando ele ainda era novo... (até fui ouvir o tema principal do "Top Gun" para tirar as dúvidas... ahahahahah)

E como canções de anos 80 que se prezem, precisam de sintetizadores, é isso que nos oferecem os Chromeo nos cinco minutos - sim, isso mesmo - de "Play The Fool", e as teclas melódicas de "Hard To Say No".

E de repente, "Ezra's Interlude". O vocalista dos Vampire Weekend empresta a voz a um tema simples e simpático, com direito a falsetto e tudo. Como se fosse uma pausa na viagem.

A familiaridade do disco mantém-se com as primeiras notas de "Old 45s". Prince, ou melhor as suas influências estão aqui mais vincadas. E "Somethingood" tem um je ne sais quoi de Gloria Stefan dos anos 80-90 (eu ainda não acredito que me fui lembrar disto...). 6'30'' dão para variar e é isso que vai acontecendo: o instrumental lembra a colaboração entre Pharrell e os Daft Punk (em "Lose Yourself To Dance" e "Gust Of Wind"), aos 3'51", entra o refrão simpático, para depois aos 4'24" nova mudança radical de ritmo: mais downtempo, com o apoio dos sintetizadores.

A colagem aos Daft Punk é imediata e inevitável em "Frequent Flyer". Eu assumo, sempre que alguém cria um pedaço de electrónica "espacial" e futurista, eu penso na dupla francesa.

E pelos vistos, os Chromeo gostam muito dos moços, porque "Fall Back 2U", que encerra o disco, termina com um trecho robótico - que eu acho que é excessivo. Mas felizmente, "Fall Back 2U" é também o regresso ao bom funk, dançável, e uptempo. Da melodia aos sintetizadores e teclados, tudo nos puxa para batermos o pé. E depois há o saxofone. Numa palavra: fabuloso - e só é pena que não tenha aparecido mais nesta canção e no disco.

"White Women" não será um dos registos do ano. Acredito que os Chromeo nem sequer tenham essa pretensão (até porque não nos trazem nada de novo - é verdade, estou a concordar com a Chavininha), mas é um disco fresco e descontraído.

Que é o que se quer para os meses de calor que aí vêm.

«You think that love is just a thing of the past (thing of the past) // I want someone that's gonna make it last (make it last)» (Chromeo, em "Somethingood")