Ao mau tempo boa cara: Dodge and Burn, o novo dos Dead Weather

Falar dos Dead Weather é, para quem não sabe, falar do "super-grupo" de Jack White (dos White Stripes), Alisson Mosshart (dos Kills), Dean Fertita (dos Queens of The Stone Age) e Jack Lawrence (dos The Racounters). 
Apresentações feitas desta forma, acho que é desnecessário estar com considerações sobre muito mais a não ser que o que daqui se espera só pode ser um álbum de Rock n' Roll. 

A realidade é que, quando músicos deste calibre se juntam, o mínimo que podemos esperar é um projecto coeso e consistente o suficiente como para nos dar muitos bons momentos. Dodge and Burn não é uma excepção, o que torna tudo muito mais simples, digo eu.



A verdade é que, neste terceiro álbum, a formula ganhadora que me tinha feito prestar atenção no inicio (e que continuou a fazê-lo no segundo álbum) não muda por ai alem: aqui faz se o tal Rock que se espera, com muitas influencias dos Blues, com a voz magica de Mosshart a dominar totalmente a melancolia e o ritmo das guitarras e a bateria fabulosamente tocada por White. 

Nada a fazer se continuo a achar que há coisas que são assim tão simples. 
Mas disto eu já estava à espera desde que saiu o EP do ano passado, que trazia já Open Up (That's Enough) e Rough Detective, que aparecem neste Dodge and Burn, como se fossem aquele caminho para casa que já estamos fartos de conhecer, e que nos permite sempre estar em casa.



O single "de saída" de Dodge and Burn, (ou melhor, a primeira musica que ouvimos dele) é I Feel Love (Every Million Miles), com a voz de Mosshart a ser a personagem (quase que) principal: ela domina o (e é ao mesmo tempo dominada pelo) som das guitarras inquietas, das linhas de baixo e da percussão. Como se tudo o que aqui se passa fosse quase uma "luta pelo poder", sem que, haja de facto um ganhador e ganhem todos, e todas as peças façam parte de um mesmo puzzle mais do que coeso e incisivo, e que por muito que se baralhem nunca se perdem. 



Mais do que falar nas musicas por si só, e destacar seja o que for do que se passa neste álbum (até porque, confesso, tenho muitas dificuldades em fazê-lo e entre destacar todas prefiro não destacar nenhuma e vê-lo como a um todo e não por partes), tenho antes que referir que mesmo as musicas cantadas por White são igualmente inquietantes. E que quando há "duetos" eles continuam a demonstrar a cumplicidade e a mestria de cada um dos elementos do grupo, como se não fossem 4, mas sim 1. 



A única excepção a todo este cenário que já referi é Impossible Winner, uma musica "mais calma" (não confundir com "calma") e com uma toada totalmente diferente do que encontramos no resto deste Dodge and Burn. 
Impossible Winner, onde há a colaboração preciosa de violinos, pianos e toda uma orquestração grandiosa, onde a própria postura de cada um dos elementos da banda muda, sendo que, se calhar, notamos mais a mudança de Mosshart, que passa de uma diva quase punk que grita, salta, ajuda na bateria e se atira para o chão se achar que isso é necessário, para uma postura mais calma e de quase que banda sonora de um qualquer filme de James Bond, que acaba por sair de um mundo mais Rock n' Roll, sem, no entanto se afastar muito dele,as mas levando-nos a um mundo mais grandioso e sumptuoso, do que, na realidade o resto do álbum.





Dodge and Burn é um álbum inquieto e possessivo, daqueles que se cola e que não nos deixa pensar em mais nada, como sempre me aconteceu em todos os álbuns dos Dead Weather desde que os conheci, verdade seja dita. 
Toda a conjugação de talento que temos aqui presente (e que é indiscutível), toda a potência Rock n' Roll (que é característica de todos os trabalhos de Jack White), e a voz sempre possante (e colantemente sexy) de Alison Mosshart, continuam a fazer, para mim, deste projecto um dos que a mim melhor me soam, porque a musica acaba por ser um reflexo de quem a faz e especialmente de como é feita, e quando isso acontece desta forma, acho que não haverá duvidas quanto à sua qualidade. 

Pode ser de mim, mas arrisco a dizer que este é, uma das minhas escolhas do ano. E, não consigo nunca, depois de o ouvir, não me lembrar daquele mítico discurso de Alex Turner nos Brit Awards de 2013, o do "...That Rock n' Roll ay?, It just won't go away...", e pensar sempre que este álbum encaixa nisto como uma luva. E isso a mim deixa me assim tão feliz que me faz voltar a pô-lo a tocar.


"...Ice pop, blue green Sweet tooth, yellow thing, You dream, In cartoon love pink..." em Be Still.

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