Caracal, o díficil segundo álbum dos Disclosure

Ora bem, há pouco mais de dois anos atrás, calhou-me ouvir e escrever sobre o disco de estreia dos Disclosure, "Settle". E na altura, não me soou bem. 

Acabei por lhes achar alguma graça quando os vimos este ano ao vivo no Alive, lá está, por estarmos em ambiente de festa. E é aí que eu acho que eles são bons.
Com ou sem convidados, os irmãos Lawrence portam-se à altura dos melhores anfitriões.

E por isso, acabei por lhes dar uma segunda oportunidade de escuta com a saída do novo disco "Caracal".
A primeira opinião mantém-se. Não é algo que ouça - e que vá ouvir - com regularidade, a cena da electrónica «tout court» não me entusiasma, cansa-me e às vezes até me aborrece. Ainda assim, os Disclosure conseguiram captar a minha atenção em alguns temas.




Por exemplo, "Holding On", que conta com a colaboração de Gregory Porter, é uma das grandes surpresas do disco. A voz de Porter tem-se revelado perfeita para integrar temas electrónicos, dando aquele tom mais quente que, já sabem, eu tanto aprecio.

O mesmo acontece em "Willing & Able", com Kwabs. O tema assenta-lhe que nem uma luva, é o espaço onde me parece que o moço soa melhor. A sua voz grave, forte, envolvente contrasta na perfeição com os ritmos frios e mecânicos dos irmãos Lawrence.





"Magnets", com Lorde, é para mim outro dos grandes temas de "Caracal". A canção que colou assim que ouvi o disco por inteiro. A batida catchy, a voz de Lorde meio inocente meio «naughty girl» a encaixar na melodia criada pelos Disclosure.
E "Jaded", pela voz de Howard Lawrence, torna-se interessante quanto baste para nos por a abanar o capacete.





Mas nem tudo me soou bem.
Se "Latch" foi das melhores canções do primeiro disco, "Omen", também com Sam Smith, apesar de cumprir, fica muito aquém das expectativas.
E "Hourglass", "Echoes" e "Molecules" são provavelmente aquelas que mais se aproximam do primeiro trabalho, o beat electrónico puro e duro que não me conquista.





Longe do impacto e da surpresa causados por "Settle", que colocou os Disclosure num patamar reservado apenas aos grandes nomes do género, "Caracal"  aproxima-os do «grande público», para o bem e para o mal. Adivinham-se, por isso, concertos esgotados, e claro, muitos momentos «estádio».
Resta saber se é esse o (seu) melhor caminho.

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