Olhos abertos, língua presa, mas ouvidos bem abertos: hoje é dia de falar nos Fratellis
Há bandas de que gostamos desde que as começamos a ouvir, e já nem nos lembramos muito bem quando é que isso foi ou onde. A grande questão sempre é: vamos continuar a gostar delas ao quarto álbum e muitos anos depois?
A minha resposta com os Fratellis é sim, sem qualquer sombra de dúvida.
A minha resposta com os Fratellis é sim, sem qualquer sombra de dúvida.
Este quarto álbum, Eyes Wide, Tongue Tied, chega-nos cheio de momentos inesperados, que nos mostram que os Fratellis cresceram (e que nos acompanharam no nosso próprio crescimento), e são agora um bocado mais do que eram quando apareceram, e, digo eu, ainda bem. Mesmo mais do que foram em 2013, quando saiu We Need Medicine, de que eu sou fã incondicional, e ainda que desse álbum não tenha passado assim tanto tempo.
O primeiro single, Me and The Devil, saiu há meses e colou-se-me desde que o ouvi.
Porquê? Porque mostra um lado que até nem se associa tão rapidamente aos Fratellis: o mais dark, mais cinematográfico, mais teatral, mais enigmático.
Não se enganem, a identidade mantém-se, sem sombra de dúvidas, com a voz de John Fratelli a continuar cirúrgica e magnética, e com toda a força instrumental, coisas que são a base da banda.
E claro, o refrão: musica dos Fratellis que é musica dos Fratellis tem um refrão que se cola. Sempre.
Mas, afinal, o que é novo aqui?
Os sopros, o piano e as distorções, que resultam tão bem que nem precisamos de dizer nada quanto a isso. Basta ouvir e perceber que os Fratellis cresceram.
Se ainda não tivermos a certeza disto quando acabamos de ouvir esta música podemos ir ouvir Getting Surreal e mantemos a mesma ideia de forma muito fácil.
Em Imposters (Little by Little) somos levados de volta ao som mais característico dos Fratellis, com as suas letras reais, o seu som rock tão puro e que eles sabem fazer tão bem, e que deve resultar ainda melhor ao vivo, o que também acontece em Baby, Don't You Lie To Me e em Thief onde é fácil imaginarmo-nos a dançar como se ninguém estivesse a ver, ao som de um rock n' roll sem subterfúgios e sem grandes mistérios. É o que é, e é assim tão bom.
Desperate Guy aparece num registo mais slow e é provavelmente a música que todas as miúdas gostavam de ouvir cantada para si. Tem qualquer coisa que me lembra Whistle For The Choir ou Babydoll, mas é ainda mais profunda e desesperada (ou, se calhar não é, e são só os meus ouvidos). Slow segue o mesmo registo intimista e introvertido e Moonshine segue-as com um lado mais denso ainda. Esta toada termina numa das minhas músicas preferidas do álbum, Medusa in Chains, com um lado descaradamente íntimo e desconcertante que nem é típico de Jon Fratelli e dos seus, aparece agora que eles definitivamente estão mais adultos e sem receios dos seus próprios medos.
Aparecem mais coisas novas quando toca Dogtown, onde há um baixo que nos contagia na entrada e um som que roça o funk, com orquestrações muito bem conseguidas e o tal refrão que ganha tudo e que nos faz cantar.
A coisa volta ao som "mais previsível" com Too Much Wine ou com Down The Road and Back... Again, onde de repente parece que acabamos de chegar a um cabaré de bêbados contentes, algures nos anos 60 ou 70, sempre muito bem acompanhados por sons que me fazem sentir em casa, uma coisa a que, honestamente, os Fratellis sempre me habituaram, a sensação de que a vida pode ser uma festa, nem que seja de 3 minutos ou 4.
A coisa volta ao som "mais previsível" com Too Much Wine ou com Down The Road and Back... Again, onde de repente parece que acabamos de chegar a um cabaré de bêbados contentes, algures nos anos 60 ou 70, sempre muito bem acompanhados por sons que me fazem sentir em casa, uma coisa a que, honestamente, os Fratellis sempre me habituaram, a sensação de que a vida pode ser uma festa, nem que seja de 3 minutos ou 4.
Acho legítimo dizer que Eyes Wide, Tongue Tied, o 4 álbum dos Fratellis é suficientemente maduro e sofisticado, um quase antagonismo em relação aos outros álbuns que se lhe antecederam, mas ainda assim é suficientemente consistente para pertencer a minha colecção de discos. Até porque já faz. E, verdade seja dita, vou me repetir e dizer alguma coisa que já disse aqui, mas não faz mal: era alguém trazer os Fratellis cá, não era? Só nos fazia era bem. E se, neste tempo todo, a vontade é ainda de os ver a tocar, isto só pode mesmo querer dizer que eles são assim tão bons. Certo?
"Give me a reason to breathe, Don't let my sun go down, I'll make you sad and recieve, I'll be your sacred ground, Be my Medusa in Chains, petrified, Only your beauty remains, Tell me, baby, one more time, Won't you be a friend of mine?" em Medusa in Chains.
"Give me a reason to breathe, Don't let my sun go down, I'll make you sad and recieve, I'll be your sacred ground, Be my Medusa in Chains, petrified, Only your beauty remains, Tell me, baby, one more time, Won't you be a friend of mine?" em Medusa in Chains.
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