Nós também fomos ao Parque, ou a crónica do primeiro dia no NOS Primavera Sound 2017

Sim, isto, às vezes, tarda mas acaba por sair. Como eu já disse mil vezes, há coisas que guardamos para nós e que ficam na memória, e que, de lá, não querem mesmo sair. O Nos Primavera Sound acaba por ter muitas dessas memórias, e tem sido complicado separar as que interessam neste espaço das outras. Estranho? Só para quem nunca passou por lá, acho eu. Até porque, regressar ao Parque é, por si só, uma delícia. Pelo menos para mim.

Há quem se queixe sempre do primeiro dia. (Se formos bem a ver, há quem se queixe sempre de tudo…) Eu? Eu gosto. Porque não há horários sobrepostos, porque há menos gente (normalmente…) e porque aqui funciona num crescendo: primeiro chega-se, trocam-se os bilhetes, depois encontram-se os amigos, e parte-se, então, para a música.
O nosso festival começou a meio de Rodrigo Leão com Scott Matthew, que, sem me entusiasmar por demais, também não me pareceu mal. Provavelmente foi o timing perfeito, aquele de encontrar Matthew a fazer uma versão de Whitney Houston e a contar-nos que queria dançar com alguém. Deve ter sido disso que começou a trazer magia ali logo aquele primeiro dia. Ou talvez fosse o parque a puxar pelo melhor de nós…

Concerto simpático de fim de tarde, este...

Confesso que naquele dia guardei tudo para Justice. Que foram (outra vez…) os responsáveis por ter comprado os bilhetes. Nem podia ser de mais forma nenhuma. E, dito isto, nem Miguel, nem os Run The Jewels, por mais brilhantes e entusiasmantes que estivessem a ser, me convenceram muito. (The Perks Of Being Chavininha, acho eu…)

Run The Jewels foi bom, mas não é para nós, que estávamos mesmo mesmo mesmo à espera dos Justice.

Gargalhadas à parte, quando o relógio batia a hora certa, subiram ao palco Xavier de Rosny e Gaspard Augé, e trouxeram com eles tudo aquilo de que eu mais gosto: samplers perfeitos, jogos de luz e sombra que não distraem da música, cumplicidade e batidas sem igual e "aquele" som. Aquele que não pode ser mesmo de mais ninguém. Que, quando chega ao fim, nos deixa a pedir por mais. A nós e aos nossos sapatos de dançar. E que bom que foi dançar com "Safe and Sound", "D.A.N.C.E", "We Are Your Friends" e tudo a que uma chavininha tem direito.


E uma concertina também. Foi espectacular, uma setlist perfeitinha para dançar, onde também não faltaram "DVNO" e "Love SOS". Um grandioso espectáculo de luz e som.


Lembro-me que, mais uma vez, uma das coisas que eu mais gostei foi aquilo que eu mais gostei sempre neles: aquela urgência de chegar e de por tudo a mexer, aquela magia de dar tudo sem ser em exagero. Como se o mundo, que pode acabar amanhã, não acabasse mesmo.
Acho que a ideia é mesmo a de que puxar pelo público não é enlouquecê-lo, mas fazê-lo ficar a pedir por mais. Que assim, queremos sempre ir ter com eles mais uma vez. Uma espécie de jogo de sedução musical que só eles sabem dominar. Técnicas apuradíssimas, meus amigos!


E, sair do Parque com a sensação de que queríamos mais, mas que foi tão bom, é difícil. Só que acontece.

Pelo menos com os Justice. Palavra de Chavininha.

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