Nós também fomos ao Parque, ou a crónica do segundo dia no NOS Primavera Sound 2017

Sexta sabíamos que ia ser complicado. Sabíamos que estava esgotado e que este ano íamos ser mais. Porque as pessoas queriam ir ver os “Bon Aiver”. E ouvir "Skinny Love", pois claro.

Nós? Chegámos a tempo de ver o fim de Miss Angel Olsen (eu já disse que tenho alguns problemas com meninas que miam?), ouvimos ao longe os nossos amigos Sleamford Mods (que me continuam a soar melhor de noite, como eu disse em Paredes de Coura…), demos uma espreitadela nos Teenage Fanclub (nem quente, nem frio…) e, pasme-se o mundo, fomos acabar em line-dances e yahoos ao som de Miss Nikki Lane. E, se alguém me dissesse que eu ia gostar tanto daquela coisa country, eu diria que não era possível. Só que, uma semana depois, Nikki Lane foi “a” minha descoberta do Nos Primavera Sound deste ano. E que maravilha que foi.

A minha também. Nikki Lane pode ser do country mas também é do rock. Na energia e na atitude em palco.

Chegada a hora, fomos então ter com Justin Vernon e os seus Bon Iver, já a saber as influências de Kanye West, e as neuroses digitais de que ele sofre agora. Eu achei que me ia soar pior (deve ter sido mesmo da falta de expectativas, sabe Deus…), mas, se calhar, foi de ser no Parque... (ou do que viria a seguir...) Sobre o assunto suponho que Miss Concertina tenha coisas para dizer.

Ora bem. foi um concerto «competente». Não foi estrondoso, não foi arrebatador, que nada bate aquele primeiro tão aguardado no Coliseu dos Recreios. No meu caso, o problema reside nas canções novas, o «vocoder» não as favorece, e eu sempre achei que Justin Vernon tem muito mais a ganhar sem artifícios. Ainda assim, ouvir "8 (circle)" ao vivo foi tremendo, de arrepiar a espinha. E emocionei-me ao ouvir de novo as «antigas» que me levaram de volta a 2012. O fecho com "Skinny Love" - aquela que toda a gente conhece - era esperado, claro, e acredito que não desiludiu ninguém. E eu admito que a versão acústica foi incrível.

Hamilton Leithauser ia tocar a seguir. E isso entusiasma-me mesmo muito mais. Sempre gostei de gente que dá tudo. E ele, sempre deu tudo. A voz que lhe sai das tripas, a música que ele toca como se fosse a ultima vez, as histórias maravilhosas, e o achar que aquele concerto, o meu, onde eu estive, nunca mais vai ser igual a mais nenhum. Até me esqueci que Skepta estava a tocar a mesma hora (o que foi uma pena…)!!! Mas, como estava a ser assim tão bom, sair dali era crime.

Hamilton Leithauser no palco Pitchfork foi o concerto da noite, e para mim, provavelmente do festival. É absolutamente revigorante sentir a sua entrega total, vê-lo tão conversador, tão genuíno e ouvir aquela voz incrível, que nos soa tão bem «sem esforço». O disco com Rostam funciona super bem ao vivo e "Alexandra", de "Black Hours" foi a cereja no topo do bolo.

Depois disto, ainda tentámos ir ter com King Gizzard e os seus Lizzard Wizzard ou mesmo com Nicolas Jaar, juro que tentámos. Mas achámos que já mais nada fazia sentido ali e fomos embora. O parque não fica assim tão amigável depois de uma certa hora, e o dia a seguir ainda tinha magia para espalhar…
E, se a barriga já estava cheia de coisas boas, íamos estragar tudo? Claro que não.

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