Os Trophy Wife.
Ora bem, falar nos Trophy Wife é me um tanto penoso, eu admito. Não porque não gosto deles, antes pelo contrario, mas porque gosto muito. E, acima de tudo, porque sei que não há mais. (E aqui, vocês pensam, "... pronto, foi desta que ela enlouqueceu...").
Eu explico: os Trophy Wife "morreram", quase depois de começar. Ou seja, este colectivo de Oxford, produzido pela Moshi Moshi Records, que, durante algum tempo nos brindou com singles e Eps magnificos (não só musicalmente, mas também graficamente), assim que lançou este álbum homónimo em Maio, resolveu dar apenas um concerto na O2 Arena em Londres, no passado 14 de Junho, e acabar. Plim.
A banda era então constituída por Jody Prenett, Ben Rimer e Kit Montheith e diziam que faziam "ambitionless office disco", e são os próprios a assumir também influencias várias, como PJ Harvey, Enio Morricone, Fleetwood Mac ou Donna Summer, por exemplo. Eu, a mim, isto soa-me muito mais a Foals, e poderia até ser vicio de ouvido, mas vão entretanto entender porque, tal como eu entendi depois também.
Depois desta breve explicação/introdução aos Trophy Wife e ao seu contexto enquanto banda, eu tenho que dizer que cheguei a pensar em não falar neles, eu confesso. A única questão que se põe aqui é que os acho, honestamente, bons demais para serem ignorados. E que acho que "Trophy Wife", o álbum, é a catarse perfeita, sendo delicioso demais para um simples primeiro álbum, tendo chegado facilmente aos meus álbuns preferidos. Assim sendo, vamos lá falar sobre isso.
Começo por "Absense", musica produzida por Yannis Philippakis ( Pensamento: "Eureka!!!!!! Eu sabia que tinha que haver algum truque nisto!!!!!") dos Foals, e onde, claramente, notamos a influencia do som da banda britânica (e também de Oxford), e de onde destaco a consistência brutal do instrumental, que, volto a dizer, me parece bom demais para um primeiro álbum. É uma musica intensa, com uma voz profunda e letras repetidas (como os primeiros singles dos Foals.) e muito instrospectiva.
"Glue" brinda-nos com um ritmo mais animado, com muito mais referencias ao movimento de Brixton, o Blessing Force, de que a banda fez parte, aos Foals e a uma série de bandas semelhantes, com crescendos perfeitos que nos guiam durante todo o álbum.
"What You Gave Away" traz-nos um registo mais groovy, onde a voz de Jody Prenett encaixa na perfeição na complexidade de sons dos Trophy Wife, como se os descomplicasse e fosse ela sim, o fio condutor durante toda a musica. Para mim, a grande diferença entre a voz de Prenett e a de Yannis Philippakis dos Foals é que a de Prenett é mais calma e a de Yannis tem uma inquietação que defina uma das coisas que eu mais gosto nos Foals. No caso dos Trophy Wife, o instrumental cumpre esse mesmo papel, sendo que a banda é claramente mais definida pelo seu som do que pelo seu "frontman".
Em "Like no Other" temos um som mais pop, que me lembra quase os Duran Duran, estamos perante uma musica muito mais leve, apesar de achar que o próprio sentimento das musicas do álbum é brilhante. (Sinto-me repetitiva com tantos superlativos, mas como me dizia no outro dia um amigo, "nunca nada é demais".)
Voltamos então ao introspectivo, ao mais intimo, com "Surfacing", muito mais límpida na voz e no som, mostrando-nos que os Trophy Wife são uma banda que não é estática, como eu gosto.
Chegamos a "Antipodea" onde o instrumental é o rei, num tom mais lento, mais suave, mas muito mais intenso, mais cuidadoso, mais envolvente, e que nos leva a uma das jóias da coroa deste álbum homónimo dos Trophy Wife.
"Microlite", um dos primeiros singles oficiais da banda, que nos brinda com um crescendo brilhante e um som muito limpido e quase perfeito. É por causa de musicas como "Microlite" que eu fico apaixonada pelos Trophy Wife, porque há muito poucas coisas que me soem a novo, tanto como esta, e que me tragam memorias de coisas antigas, sem me levar necessariamente ao passado.
"Heavy Touch" é outra das minhas preferidas, sendo que aqui, voltamos a um som mais pop, melodioso e intenso, que me lembra de novo os anos 80 e com um refrão marcante que nos faz cantar, mesmo se não quisermos. Porque a magia das musicas como "Heavy Touch" é mesmo esta, o poder de fazer quem as ouve cantarolar, ou bater o pé ou seja lá o que for, mas tirar as pessoas do marasmo.
"High Windows" aparece-nos agora com uma entrada grandiosa, quase em modo banda de rock. É muito interessante a passagem para o resto da música, que é muito semelhante às dos Foals, mas em modo anos 80 (quase que me lembra a fase em que os Foals diziam que iam ser uma banda Funk...), com uma bateria soberba, quase que em modo Friendly Fires até arrisco, mas muito mais em "slow-motion".
Outro dos meus destaques é "Always Falling Away", de onde saliento as brilhantes pausas da letra, que parece que estão lá para criar expectativas (mais do que superadas, digo eu.) É uma musica mais calma, mas muito densa, como tudo o que os Trophy Wife nos dão ao longo do álbum que está quase a acabar...
A ultima musica deste Trophy Wife álbum, "Hold On" tem uma entrada brilhante, e a voz de Prenett assume aqui uma importância fundamental, onde junto com a bateria, marca o pulsar de toda a musica. "Hold On" é uma mistura estranha entre pop e algo mais alternativo, como se a voz não encaixasse na musica ou vice-versa. Destaco a força deste refrão e confesso que a existência de instrumentos de cordas (o meu calcanhar de Aquiles...) que conduzem a musica num crescendo até à "doce" explosão de sintetizadores.
Pois é, depois disto, como é que alguém quer convencer que eu tenho que me habituar a que não vai haver Trophy Wife? Pois... Não devem querer, porque eu aqui, continuo a ouvir isto todos os dias, como se a banda ainda fosse fazer mais coisas. Apesar de saber que não vai. São estas coisas que a mim me chateiam. Com tantas bandas que podiam acabar, as que eu gosto acabam sempre mais depressa...
"...Your presence I Want, Your Absence I Fear...", em Absence.
p.s. Como eu sou muito vossa amiga, aconselho-vos a passar aqui, assim como quem não quer a coisa, e a ouvir mais vezes o album, e se quiserem, a leva-lo... ;)
Eu explico: os Trophy Wife "morreram", quase depois de começar. Ou seja, este colectivo de Oxford, produzido pela Moshi Moshi Records, que, durante algum tempo nos brindou com singles e Eps magnificos (não só musicalmente, mas também graficamente), assim que lançou este álbum homónimo em Maio, resolveu dar apenas um concerto na O2 Arena em Londres, no passado 14 de Junho, e acabar. Plim.
A banda era então constituída por Jody Prenett, Ben Rimer e Kit Montheith e diziam que faziam "ambitionless office disco", e são os próprios a assumir também influencias várias, como PJ Harvey, Enio Morricone, Fleetwood Mac ou Donna Summer, por exemplo. Eu, a mim, isto soa-me muito mais a Foals, e poderia até ser vicio de ouvido, mas vão entretanto entender porque, tal como eu entendi depois também.
Depois desta breve explicação/introdução aos Trophy Wife e ao seu contexto enquanto banda, eu tenho que dizer que cheguei a pensar em não falar neles, eu confesso. A única questão que se põe aqui é que os acho, honestamente, bons demais para serem ignorados. E que acho que "Trophy Wife", o álbum, é a catarse perfeita, sendo delicioso demais para um simples primeiro álbum, tendo chegado facilmente aos meus álbuns preferidos. Assim sendo, vamos lá falar sobre isso.
Começo por "Absense", musica produzida por Yannis Philippakis ( Pensamento: "Eureka!!!!!! Eu sabia que tinha que haver algum truque nisto!!!!!") dos Foals, e onde, claramente, notamos a influencia do som da banda britânica (e também de Oxford), e de onde destaco a consistência brutal do instrumental, que, volto a dizer, me parece bom demais para um primeiro álbum. É uma musica intensa, com uma voz profunda e letras repetidas (como os primeiros singles dos Foals.) e muito instrospectiva.
"Glue" brinda-nos com um ritmo mais animado, com muito mais referencias ao movimento de Brixton, o Blessing Force, de que a banda fez parte, aos Foals e a uma série de bandas semelhantes, com crescendos perfeitos que nos guiam durante todo o álbum.
"What You Gave Away" traz-nos um registo mais groovy, onde a voz de Jody Prenett encaixa na perfeição na complexidade de sons dos Trophy Wife, como se os descomplicasse e fosse ela sim, o fio condutor durante toda a musica. Para mim, a grande diferença entre a voz de Prenett e a de Yannis Philippakis dos Foals é que a de Prenett é mais calma e a de Yannis tem uma inquietação que defina uma das coisas que eu mais gosto nos Foals. No caso dos Trophy Wife, o instrumental cumpre esse mesmo papel, sendo que a banda é claramente mais definida pelo seu som do que pelo seu "frontman".
Em "Like no Other" temos um som mais pop, que me lembra quase os Duran Duran, estamos perante uma musica muito mais leve, apesar de achar que o próprio sentimento das musicas do álbum é brilhante. (Sinto-me repetitiva com tantos superlativos, mas como me dizia no outro dia um amigo, "nunca nada é demais".)
Voltamos então ao introspectivo, ao mais intimo, com "Surfacing", muito mais límpida na voz e no som, mostrando-nos que os Trophy Wife são uma banda que não é estática, como eu gosto.
Chegamos a "Antipodea" onde o instrumental é o rei, num tom mais lento, mais suave, mas muito mais intenso, mais cuidadoso, mais envolvente, e que nos leva a uma das jóias da coroa deste álbum homónimo dos Trophy Wife.
"Microlite", um dos primeiros singles oficiais da banda, que nos brinda com um crescendo brilhante e um som muito limpido e quase perfeito. É por causa de musicas como "Microlite" que eu fico apaixonada pelos Trophy Wife, porque há muito poucas coisas que me soem a novo, tanto como esta, e que me tragam memorias de coisas antigas, sem me levar necessariamente ao passado.
"Heavy Touch" é outra das minhas preferidas, sendo que aqui, voltamos a um som mais pop, melodioso e intenso, que me lembra de novo os anos 80 e com um refrão marcante que nos faz cantar, mesmo se não quisermos. Porque a magia das musicas como "Heavy Touch" é mesmo esta, o poder de fazer quem as ouve cantarolar, ou bater o pé ou seja lá o que for, mas tirar as pessoas do marasmo.
"High Windows" aparece-nos agora com uma entrada grandiosa, quase em modo banda de rock. É muito interessante a passagem para o resto da música, que é muito semelhante às dos Foals, mas em modo anos 80 (quase que me lembra a fase em que os Foals diziam que iam ser uma banda Funk...), com uma bateria soberba, quase que em modo Friendly Fires até arrisco, mas muito mais em "slow-motion".
Outro dos meus destaques é "Always Falling Away", de onde saliento as brilhantes pausas da letra, que parece que estão lá para criar expectativas (mais do que superadas, digo eu.) É uma musica mais calma, mas muito densa, como tudo o que os Trophy Wife nos dão ao longo do álbum que está quase a acabar...
A ultima musica deste Trophy Wife álbum, "Hold On" tem uma entrada brilhante, e a voz de Prenett assume aqui uma importância fundamental, onde junto com a bateria, marca o pulsar de toda a musica. "Hold On" é uma mistura estranha entre pop e algo mais alternativo, como se a voz não encaixasse na musica ou vice-versa. Destaco a força deste refrão e confesso que a existência de instrumentos de cordas (o meu calcanhar de Aquiles...) que conduzem a musica num crescendo até à "doce" explosão de sintetizadores.
Pois é, depois disto, como é que alguém quer convencer que eu tenho que me habituar a que não vai haver Trophy Wife? Pois... Não devem querer, porque eu aqui, continuo a ouvir isto todos os dias, como se a banda ainda fosse fazer mais coisas. Apesar de saber que não vai. São estas coisas que a mim me chateiam. Com tantas bandas que podiam acabar, as que eu gosto acabam sempre mais depressa...
"...Your presence I Want, Your Absence I Fear...", em Absence.
p.s. Como eu sou muito vossa amiga, aconselho-vos a passar aqui, assim como quem não quer a coisa, e a ouvir mais vezes o album, e se quiserem, a leva-lo... ;)
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