Volcano Choir: há vida para além dos Bon Iver

Hoje a tarefa é complicada, pus-me a ouvir "Repave", o segundo álbum dos Volcano Choir - o outro projecto de Justin Vernon - e mais antigo. E claro, para mim que sou (hiper-mega) fã do moço, é-me difícil de dissociar qualquer projecto que envolver Justin Vernon da sua estrela maior, os Bon Iver.

No entanto, não é de todo impossível. Até porque o som deste "Repave" é a prova que o talento de Justin não se esgotou, antes se reinventou. Na maioria dos temas, deixa de lado o registo em falsete abraçando com convicção o tom mais grave - de semelhante envolvência. Noutros, em que o falsete se destaca, é-nos mais difícil esquecer o som "bon iver" - "comrade" é onde se sente melhor, ainda que nos "presenteie" com o vocoder - aquela coisa para distorcer a voz que o Kanye West tanto adora... (e ao qual eu não consigo achar a mínima graça...)



"Tiderays" é calma que antecede uma explosão, "Acetate" é delírio para os ouvidos mais atentos, "Byegone" é cativante e "Alaskans" no seu jeito meio folk, vai-se entranhando. "Dancepack" recupera aquele sentimento, aquele desespero acutilante de "For Emma, Forever Ago", e "Keel" é interlúdio para o tema final "Almanac", perfeito na harmonia entre o registo em falsete e o registo em grave, na sintonia entre os sintetizadores e as baterias.


"Repave" é encantador e agradável. Sentimos falta de Bon Iver, sim, mas também não ficamos mal servidos com estes Volcano Choir.

"take note there's still a hole in your heart"

(Volcano Choir, em 'Dancepack')

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