O (esperado) regresso dos Queens of The Stone Age, ou histórias de vilões e anti-heróis.

Começo desde já por dizer que esperava por Villains há muito tempo. Não como fã dos QOTSA mas sim para perceber a importância da parceria com Mark Ronson (não preciso de repetir que acho que o tipo tem o toque de Midas, pois não?). O que acrescentaria Ronson ao trabalho de Josh Homme e da sua banda? Acrescentou pois claro. E muito. 

Villains traz-nos de volta o rock n' roll como eu acho que ele deve sempre ser: sexy, denso e libertador. E se já sabíamos que Josh Homme era o tipo perfeito para nos lembrar essas qualidades todas do rock, foi sem surpresa nenhuma para mim, mas com muita felicidade auditiva, que tive a certeza que mais uma vez Ronson também sabia muito bem o que estava a fazer. Portanto, para mim, a produção e o trabalho dele são incontornáveis na analise do álbum.



Josh Homme continua a apresentar-se como só ele sabe: o verdadeiro anti-herói. Aquele a que não conseguimos ficar indiferentes e que nos apaixona a cada música, que nos leva nesta viagem auditiva que é Villains e que não nos deixa esquecer quem é o verdadeiro lead man. Homme é a personagem por quem sinto sempre a mesma dose de amor/ódio e que me causa todas as sensações que se querem ao ouvir música.



Villains começa com "Feet Don't Fail Me", com uma entrada grandiosa e maravilhosamente bem pensada (e ainda melhor executada), que me leva a um sitio onde as guitarras mandam e a bateria está lá a ajudar-nos a perceber o caminho a percorrer. O coro é essencial nesta "brincadeira", e a verdade é que, mal comecei a ouvir Villains com esta musica, me deu logo aquele arrepio bom na espinha e me fez achar que sim, que o rock n’ roll tem mesmo que ser sexy para resultar. O hiato a meio da musica é deliciosamente bom. E a letra? ... ora bem, em vez de escrever sobre isso vou buscar um pedacinho... “...future tense meets middle finger, we take the long way home...”. Melhor? Acho difícil.




O primeiro single "The Way You Used To Do" é o paradigma do que eu disse ali em cima: sexy do inicio ao fim. Deve ter sido a música que mais rodou o verão inteiro, pela sua qualidade lírica e sonora (e, talvez porque o nosso verão foi mesmo bom e acompanhou isto tudo!). A música vem acompanhada de um dos melhores vídeos que eu já vi e onde Josh Homme se torna o melhor anti-herói de sempre. As pausas são magistrais, como que a provocar-nos, e, de facto, as mensagens são muito bem entregues. Mais pontos para os QOTSA.

Podia falar de cada musica, de cada pormenor, de cada pausa, de cada entrada de guitarra, linha de baixo ou rufo de bateria, mas não. Estamos aqui, perante um álbum de rock n' roll, e, por isso não podemos seguir as regras. A verdade é que Villains tem tudo pensado ao pormenor. A cadência das guitarras, a entrada tardia da bateria, todo o conjunto está em sintonia, de forma a que tenhamos o maior numero de sensações possível. Deliciosamente duro. E suave ao mesmo tempo.


As entradas das musicas são sempre maravilhosas e criam-nos a ansiedade necessária para absorvermos depois as melodias e as guitarras, desde as musicas mais lentas às mais ritmadas. As letras são sempre muito bem pensadas, muito introspectivas, sem julgamentos, a mostrar-nos o melhor e o pior da personagem que Homme vestiu aqui.



Villains, como eu já disse, é um álbum extremamente bem produzido, onde Ronson procurou nunca descaracterizar a banda (até porque, já era público o seu papel de fã dos QOTSA...): tudo aparece na hora certa, no sitio exacto, não há nada desalinhado... uma verdadeira maravilha para os meus ouvidos.

O álbum parece-me um tanto introspectivo como se fosse uma viagem ao mundo dos QOTSA, ou mesmo ao mundo de Josh Homme (Ficcional ou real, isso aqui não importa, porque, na realidade é mesmo assim tão convincente que achamos que é real.) Uma viagem guiada por Homme a sítios nem sempre bonitos e simpáticos, mas feita da melhor forma possível.


Prendo-me na parte final: “The Evil Has Landed”, que é, para mim, uma das melhores musicas do album. Ou uma das que me entrou mais facilmente. Só me apetece dizer que se o diabo chegou ele que me leve com ele! E não poderia deixar de falar em “Villains of Circunstamce”. O final épico, como deve ser um grande final, onde se desmistificam os tais vilões que aparecem ao longo do álbum e onde se entende a mestria da banda e a produção do álbum, que é essencial a que isto tudo tinha acontecido desta forma.

Villains é, claramente um dos melhores álbuns de 2017, disso eu tenho a certeza. Se a culpa é dos QOTSA, de Josh Homme ou de Mark Ronson? Não me importa muito. Sei que devia haver mais alguns assim. Isso sim, eu tenho mesmo a certeza.


"There's no magic bullet, nu cure for pain, What's one is done until you do it agin, Life in pursuit of a nameless prey, I've been so close, I'm so far away..." em Villains of Circumstance

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