"Wonderful Wonderful", o novo disco dos The Killers
Não é segredo para ninguém que os The Killers têm um lugar especial cá no estaminé e que, pelo menos para mim, Brandon Flowers é um cantor incrível e um «performer» irrepreensível. Mas, também não é novidade para ninguém que, olhando para a sua discografia, "Hot Fuss" e "Sam's Town" foram lufadas de ar fresco na música dos anos 2000 e que "Day & Age" e "Battle Born" pareceram ficar aquém do que se esperava.
Daí as expectativas para o novo "Wonderful Wonderful". E, à primeira escuta, o quinto disco dos The Killers é claramente melhor que os anteriores.
Daí as expectativas para o novo "Wonderful Wonderful". E, à primeira escuta, o quinto disco dos The Killers é claramente melhor que os anteriores.
O tema título, que abre o disco, é um diamante em bruto, ganhando força a cada audição. Está ao nível de "All Theses Things That I've Done", e com um potencial para ao vivo ser épico - embora aquele refrão me tenha metido nervos das primeiras vezes...
"The Man" é imediata, claro, mas é também das melhores «canções-single» que Brandon Flowers e companhia criaram desde 2007 - não é preciso grande dizer muito, apenas ouvi-la... Tal como "Life To Come", outro grande tema do disco, calma, intensa e com um crescendo que nos vai surpreendendo.
"Run For Cover" é uma das cinco canções com dedo de Alex Cameron - o australiano de quem já falámos aqui - e parece-me que é um daqueles temas que vai sem dúvida nenhuma funcionar melhor ao vivo (assim como Tyson vs Douglas). Não me entusiasmou logo, foi preciso escutá-lo várias vezes mas a verdade é que o seu ritmo é contagiante, a começar por aquela entrada incrível de guitarra e bateria.
"Some Kind Of Love" é sem dúvida a mais pessoal de todas, e, ao contar com Brian Eno na composição, é também a mais «perfeitinha». Já "The Calling" deixa um pouco a desejar... É outras das imediatas, sim, mas depois de algo tão intenso como "The Man", sabe sempre a pouco.
"Have All The Songs Been Written" encerra o disco de forma ambígua. O tema assume um papel crucial se tivermos em conta os últimos discos dos The Killers, ao falar sobre o «writer's block», o caminho que Flowers quer continuar a seguir, à procura da canção perfeita, que parece escapar-lhe nos últimos dez anos.
Vamos lá ser honestos. Não há muitas canções como "Mr Brightside", "When You Were Young", "Smile Like You Mean It" e outras que tais.
Desde então, o trabalho de Flowers e companhia parece-nos sempre «menor». Como é que uma banda que conseguiu escrever aquelas canções, apresenta depois álbuns tão «meh» como "Day & Age" e "Battle Born"? Se calhar, exactamente por causa disso.
"Hot Fuss" é obviamente o melhor disco dos The Killers e deve ser difícil viver com isso. Brandon Flowers assumiu-o recentemente numa entrevista, e mais: que tem escrito bastantes «seis e setes» - e nós concordamos. Mas não pára de tentar, superar-se e pede para não desistirmos dele em "Rut". E para termos um pouco de fé em "Life To Come".
Os mais cépticos dirão que o tempo deles já passou. Ou que se não tivessem lançado aquele primeiro disco, passariam despercebidos e não seriam o que são hoje.
Ora bem, que se lixem os mais cépticos.
Os The Killers são uma banda «glam», cheia de luz, de energia. Que nos distraem do cinzento escuro do dia-a-dia. É esse o seu lugar na música: trazer brilho ao nosso mundo.
Por isso, Brandon, não pares de tentar.
Have all the songs been written? // Oh, I just need one to get through to you // I just need one more to get through to you // I can't take back what I've done wrong // I just need one more...
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