Cry, Cry, Cry... os Wolf Parade fazem isto tão bem!

Foram 7 longos anos que separaram o último dos Wolf Parade deste Cry, Cry, Cry de que se vai falar hoje aqui. Foi o tempo de deixar que eles trabalhassem com os Hansome Furs, os Moonface e fizessem o que lhes desse na telha. E ainda bem.
Até porque Cry, Cry, Cry é, para mim, o trabalho mais coerente dos Wolf Parade até hoje, um disco muito bem feito e muito bem definido: eles são uma banda rock, e não pretendem ser mais do que isso, o que se nota assim tão bem do inicio ao fim.


Com várias influências muito assumidas e muito audíveis (e facilmente identificáveis, digo eu...), a força real de Cry, Cry, Cry, mais do que em qualquer outra coisa, está nas letras e na forma de Spencer Krug nos cantar o que lhe vai na alma.


Cry, Cry, Cry, começa com a épica "Lazarus Online", supostamente escrita no dia em que morreu David Bowie, e começa logo com a voz de Krug a puxar-nos de tal forma para dentro da sua história que não queremos nunca abandonar a viagem. A bateria é impecavelmente bem executada e acompanha a voz e o riff da guitarra até entrarem as teclas e estar servido o banquete. E termos a noção que o álbum vai ser do caraças. Logo ali.

Há qualquer coisa de majestático (e porque não metafísico? ou escalar magnético? ou isto tudo junto!!!) que me faz querer ouvir toda e cada linha da música, e em todas as musicas. Ou quase, vá.





Outro dos grandes momentos de Cry, Cry, Cry é "You're Dreaming", não só pela urgência e pelo ritmo, mas também pela influencia, mais do que audível de Bowie, não só na forma de cantar de Krug mas na própria melodia e na entrega que eles fazem à própria musica, o que também acontece em "Incantantion", por exemplo, ou, se formos bem a ver, em quase todas as musicas do álbum.


Mas, nem só de Bowie se faz Cry, Cry, Cry. Há toda uma influência da era glam-rock na forma de cantar de Krug, e eu encontrei-lhe também muito dos Arcade Fire (em "Files On The Sun" ou em "Valley Boy", por exemplo), o que, a meu ver é não só mais do que legítimo, uma óptima forma de evoluir: se nos deixarmos influenciar pelo que é bom, conseguimos sempre fazer mais. Right?


"Baby Blue" é uma belíssima canção de amor, com uma bateria que manda em tudo e um teclado que lhe traz o ritmo perfeito. A própria cadencia da sua melodia, intercalada com os sopros e as guitarras resulta de forma genial e lembra-me porque é que eu sempre gostei dos Wolf Parade. E, é tão bom, quando tantos anos depois, as coisas continuam a sair assim desta forma.




Se não é possível ouvir Cry, Cry, Cry e ficar indiferente a "King of Piss and Paper", com a sua grandiosidade, não é possível também ficar indiferente a "Am I An Alien Here", que, para mim é um dos melhores momentos, senão o melhor, do álbum. Não é só a letra, não é só a voz, não é só uma coisa... Se tivesse que escolher só uma musica teria que ser esta. Porque resume da melhor forma possível o que podemos encontrar em Cry, Cry, Cry.



Cry, Cry, Cry é um álbum rock, sem invenções nenhumas. 

Com inspirações mais do que legítimas e assumidas e que não tem mal nenhum, acho eu. 
Se é o álbum mais extraordinário do mundo? 
Isso até é capaz de não ser. Mas, pelo menos, não é mais do mesmo. 
É bom, faz me sentir. E faz-me sentido também. 
Tal como a reunião dos Wolf Parade me faz mesmo muito sentido. E ainda bem que eles resolveram fazer o que fazem tão bem, rock n’ roll, sem cenas.

"… and somewhere in the world an evil genius is on the rise, and then Bowie died and everybody said what can I do? Am I an alien here? Here in the cave of my skull, crawling around in the dark?..." em Am I An Alien Here.

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