Sempre a subir com os Franz Ferdinand
E, eis que chegou o quinto álbum, este Always Ascending, que, para mim, é um álbum cheio de carácter, com todo o tipo de fogos de artificio e de estilo que se possa imaginar, sem que, em sitio algum, nos possamos esquecer que estamos a falar na realeza do Indie Rock (rufos e tambores, palmas e vénias...) os senhores Franz Ferdinand.
Neste álbum novo, os Franz Ferdinand aparecem-nos de uma "nova forma", sem que deixemos de os reconhecer. Não sou da opinião que haja aqui uma reinvenção, até porque encontrei os mesmos Franz Ferdinand de Take Me Out, ou daquele mítico primeiro álbum de 2004.
Ainda assim, acho que os Franz Ferdinand são uma banda que bebeu todas as influências de que se rodearam nos últimos tempos e que foram recolhendo ao longo dos anos, e que decidiram trazer um álbum novo cheio de boa disposição e de vontade de dançar (e de nos fazer dançar).
O single, que já andamos a ouvir há uns tempos, e que tem o mesmo nome do álbum, fez-me lembrar sempre aquele primeiro “choque” que tivemos quando em 2009 eles lançaram “Ulysses” (de Tonight), muito mais “sintetizada” e dançável do que o que estávamos a espera, ou mesmo quando os The Killers lançaram Human, e exactamente pelas mesmas razões que eu acabei de dar.
“Always Ascending” é uma musica de dançar, muito bem conseguida, com a voz de Alex Kapranos a dar-nos o conforto auditivo do costume, muito em jeito disco sound, e que me deixa sempre a achar que, ao vivo, a coisa ainda vai ter mais impacto, e que a escolha desta nova roupagem dos Franz Ferdinand foi muito bem conseguida.
Always Ascending é um álbum mais dançável, como eu já disse, mas as guitarras nunca perdem o seu peso ao longo do álbum e não deixam que ninguém se engane. É um álbum dos Franz Ferdinand, obviamente, e isso mantém-se em “Lazy Boy”, em “Paper Cages”, em “Finally” ou em “Huck and Jim”, por exemplo.
Tenho que destacar “The Academy Award”. E tenho que o fazer porque me lembra “Walk Away”, com aquele lado mais dark e mais teatral, que é o meu preferido dos Franz Ferdinand e, especialmente de Alex Kapranos, mesmo sabendo que, provavelmente, nem é o que o caracteriza melhor, nem à banda.
Mas, para mim, da mesma forma que o single "Always Ascending" é essencial ao álbum, “Feel The Love Go” também o é, sendo, para mim, até se calhar a musica que tem o beat mais certo, e no sitio certo do álbum inteiro, e sendo uma das minhas musicas preferidas destes Franz Ferdinand de 2018.
Por muitas voltas que eu dê a ouvir Always Ascending, há aqui uma ideia a reter: é um álbum dos Franz Ferdinand. Ponto. E, sonoramente, eles também não me enganam, não me tentem convencer do contrario, porque eu ouvi-os lá. Do inicio ao fim.
É discutível se é, ou não, um álbum de entrada fácil para quem esperava isto ou aquilo deles. Percebo que sim.
Como eu não estava à espera de nada, a mim soube-me bem. E gosto dele.
E acho que ainda vou gostar mais deles em Algés, no Nos Alive.
Vi no outro dia Freedom, o documentário sobre a musica de George Michael e retive uma ideia, que aqui me parece pertinente e importante, e que eu acho que se aplica na perfeição a Always Ascending: em momentos de crise, há pessoas que fazem músicas sobre isso, que põem o dedo na ferida de forma crua. Musica sobre os problemas e as desventuras do que está a acontecer naquele preciso momento e que marcam determinado evento ou determinado momento da historia.
Por outro lado, e ao mesmo tempo, há os outros, que se focam no bom que há na vida, na festa e na perspectiva positiva da vida, naquilo que de bom podemos tirar desses momentos que nem são assim tão bons.
A mim, parece-me que os Franz Ferdinand e este Always Ascending foram pelo segundo caminho, num mundo com cada vez mais problemas.
E ainda bem.
Até porque dançar sempre fez muito bem a alma. Pelo menos à minha.
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