Entre a magia, os anjos e os demónios de Ezra Furman

Sigo, há já uns anos, Ezra Furman, como se ele fosse uma espécie de mago que me enfeitiça sempre com as suas canções. Não consigo sequer explicar porquê, e acho que só se tem a noção real do que hoje vou tentar contar, depois de ouvir uma única musica que seja. 


Transangelic Exodus é o quarto álbum de Ezra Furman, um dos nomes que nos vai visitar aquando do Nos Primavera Sound deste ano. 

E o que dizer do álbum, assim logo à partida? 
Que estamos perante um álbum carregado de pormenores, trazidos por saxofones, cordas e harmónicas, com letras muito politizadas, metafóricas e brilhantes. Sempre muito visceral e transformador, com o já famoso fantasma de Bruce Springsteen a “atormentar” Furman, que o combate com o seu lado mais teatral e operático.


Transangelic Exodus começa com “Suck The Blood From My Wound”, um indie-rock-pop onde a grande mais-valia é a letra e, onde a crueza de Ezra é mais do que fascinante.
Para mim, uma das pérolas deste album é “Driving Down To LA”, onde o som mais electrónico das teclas e do sintetizador entram em consonância/desarmonia com a voz mais lânguida de Ezra até ao refrão que é extraordinário. 


"... don't tell my mom, don't tell my brother, I've been driving down the freeway with my master, There's one law and i've known no other, It's the law of love I'm bound to, drive me faster..."

Transangelic Exodus é um aglomerado de estórias muito bem contadas pela teatralidade visceral de Ezra Furman, que é extremamente teatral e emocionante. Ouvir o álbum é quase que uma experiência por si só. Com altos e baixos que fazem com que todo o álbum seja uma viagem sensorial e nada aborrecida. 

Em “God Lifts Up Lowly” as cordas criam ainda mais magia auditiva, e o ritmo dado pelo contrabaixo é maravilhoso. Transangelic Exodus é um álbum viciante pela diferença que Ezra impõe e traz em cada melodia, que torna única, embora funcionem igualmente bem no todo do álbum.




“No Place” é um bonito momento de Rock, onde a bateria e os sopros são geniais. O próprio ritmo da musica traz-nos um Ezra Furman transformado e transtornado (que talvez sejam duas das melhores qualidades que ele pode ter.) 



"... from the wrong road, miles from no place, from the road I call and call, This whole world is no place, This world is no place at all..." 

Ezra Furman é quase um mágico nos efeitos sonoros, uma espécie de Harry Potter que nos domina ao longo do álbum se considerarmos cada música um feitiço. Efeitos que mudam conforme vamos ouvindo tudo uma e outra vez e vamos descobrindo ainda mais variações dentro das musicas. 


A composição das musicas é muito complexa, mas de uma forma que, se as analisarmos por partes, elas são independentes, mas, na verdade só resultam como uma unidade. "Compulsive Liar” é uma das melhores musicas do álbum, sendo talvez uma das mais complexas ou com mais efeitos do inicio ao fim.

Sem duvida que a minha música preferida do álbum é “Love You So Bad”, uma das mais imediatas do álbum e uma das que a mim me toca mais. Embora seja uma das mais simples no conteúdo e na forma e tenha uma mensagem mais simples (e talvez uma das com que mais me relaciono).




O meu último destaque deste Transangelic Exodus é “Come Here Get Away From Me”, mais em jeito de cabaret, ou mais noir. Uma das que eu, auditivamente, mais associo ao estilo de Ezra Furman. Com alguns toques de blues, que evoluem para um sitio mais eletrónico e mais complexo.

Ezra Furman é uma das minhas ultimas sugestões para o cartaz do NOS Primavera Sound, não só porque tem álbum novo, mas porque me parece muito importante conseguir vê-lo. 

Transangelic Exodus é um álbum magico, muito bem conseguido e cheio de tudo o que sempre me fascinou em Furman, a teatralidade quase visceral e todos os sentimentos que ele vai despertando de cada vez que começa a tocar.

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