O mundo sentimental de Vance Joy, em Nation of Two

Vance Joy causa-me "mixed feelings": oscilo entre achá-lo brilhante e muito promissor ou achar que ele é só uma «carinha laroca» que toca musica boa para embalar meninos. Daí que tenha tido esses mesmos sentimentos quanto ao álbum novo, este Nation of Two


Descobri Vance Joy na banda sonora de uma série, já nem me lembro bem qual, com uma música do primeiro álbum, Dream Your Life Away, que fará sempre parte da minha banda sonora pessoal de tão bonita que é. 
Tive que ir logo descobrir quem ele era. 

Vance Joy é australiano (tinha que ser para me entrar tão bem pelas orelhas adentro) e toca ukelele. Até aqui pouco o distingue do resto e, dito assim, ainda menos.
MAS! ele tem uma urgência quase mágica na voz que não se descreve. Só se ouve. Uma espécie de inquietude na alma, nem sei bem. 



Estes sentimentos contraditórios de que me queixo sempre quando falo em Vance Joy passam em momentos como “Call If You Need Me”, em que eu tenho a certeza que ele é muito bom.
O acústico das guitarras (e do ukulele, quando é caso disso), junto com a urgência das suas palavras fazem magia e tornam as músicas pequenas pérolas auditivas que eu tenho a certeza que são mesmo muito boas. 



Lay It On Me” aparece logo depois, mais ritmada, com pandeiretas e coisas folk (deve vir daí a minha confusão de sentimentos quanto a Vance agora que penso nisso…), o crescendo que leva ao refrão é muito interessante e o próprio desenvolvimento melódico é demasiado bom para que não se fale nele. 


Há momentos em que a voz de Vance Joy me lembra a de Joe Newman dos Alt-J, e são esses momentos, como “Take Your Time”, por exemplo, que fazem de Nation of Two mais do que um álbum bonito e muito bem feito. 



Nation of Two é um álbum sobre amor, sobre relacionamentos e sobre sentimentos. 

Mas, na realidade, o que o torna tudo mais bonito ainda é a forma emocionante como Joy canta e nos conta historias e as orquestra. Mesmo quando são musiquinhas desinteressantes como “I’m With You” ou “Alone With Me”.



Outro dos melhores momentos de Nation of Two é “Like Gold”, mais dura e mais real, sempre muito folk, com a voz de Joy a acompanhar esta realidade, ainda que transformando isto numa canção onde reina a melodia e a harmonia sem se tornar chato nem aborrecido. 



Nation of Two vem cheio de melodias frescas, que soam descomprometidas e, acima de tudo que vem cheio de musicas honestas. 



Vance Joy continua a ser, para mim, um mistério: há dias em que o adoro e há os outros em que acho que ele é só “blah”, tendo com ele uma relação assumidamente bipolar que não me deixa decidir. Nation of Two é um álbum simpático com algumas grandes musicas, isso sim é certo. 

Eu? 
Tenho-o na playlist e ouço-o nos dias de chuva, enquanto espero pelo sol. Até porque tenho a certeza que ele deve soar melhor com calor e pores-do-sol cor-de-rosa.

“...you can’t get struck by lightning if you’re not standing in the rain...” em Call If You Need Me.

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