O mapa de viagens de Luísa Sobral
Para quem não sabe, Luísa Sobral foi uma das concorrentes do Ídolos, há algum tempo atrás. Não venceu, mas também não desistiu da carreira na música e foi estudar para Boston. Lançou o primeiro disco em 2011 - Cherry On My Cake, muito aplaudido - atuou no programa de Jools Holland, e abriu para Ute Lemper num concerto muito especial na Union Chapel em Londres . Há algumas semanas, saiu o tão "difícil" segundo álbum.
"There's A Flower In My Bedroom" é um disco mais maduro, de jazz, sim, mas com muitas outras influências, resultado das experiências que viveu. E isso percebe-se em todos os temas. Se em "I Was In Paris Today", Luísa nos transporta até à capital francesa e aos seus bairros míticos, em "Senhor Vinho", andamos por Portugal e piscamos o olho ao Fado.
"She Walked Down The Aisle" conta com a participação especial de Jamie Cullum - de quem sou super fã - e damos uma volta por terras britânicas, antes de regressar a terras lusas com "Quando Te Vi", quase como se fossemos recarregar baterias para mais uma etapa. "Cuantas Vezes" é a canção que se segue, e apesar de por momentos acharmos que não se encaixa no álbum, o registo jazz está lá e a voz de Luísa (ainda que entoando espanhol) acaba por nos conquistar.
Com "What Do You See In Lily" viajamos até New Orleans, e não é difícil imaginarmo-nos num bar qualquer naquela cidade, rodeada de músicos de jazz a improvisar, promovendo um ambiente fantástico. Em "The Letter I Won't Send", apesar de mais calma, é tão fácil sentir que poderíamos estar a ouvi-la como música ambiente.
"Inês" é para mim um dos melhores temas do álbum. Não só porque conta com a belíssima voz de António Zambujo, mas por encarnar a emoção e o sentimento que por vezes falta em outras canções.
"I Remember You" é, por seu lado, o tema menos jazz, por estar recheado de influências country e folk, que nos leva de volta à América, e sobretudo às suas origens.
É com "The Last One" que Luísa encerra o segundo disco, com a colaboração de Mário Laginha ao piano. Uma homenagem sentida e nostálgica a Bernardo Sassetti, que nos deixou de forma inesperada há pouco mais de um ano.
Se tivesse que resumir a sonoridade do disco, diria que o álbum (apesar dos seus 17 temas) é quase uma versão feminina de "The Pursuit" de Jamie Cullum. E isto é mais do que suficiente para achar que "There's A Flower In My Bedroom" é bom e recomenda-se.
"O amor não é para qualquer um, ser artista não é uma vantagem"
(Luísa Sobral & António Zambujo, em "Inês")
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