Os Juveniles.

A minha busca pelo som "perfeito" para ouvir no verão começou algures em Maio, ou talvez antes. É vicio adquirido, o de querer o novo. Apanhei-o há muito tempo. Deve ser defeito de profissão, porque as estações preparam-se com antecedência, e o verão em especial.
Chateia-a me ouvir mais do mesmo, mesmo que o mesmo seja bom. Tem que haver sempre qualquer coisa de especial naquilo que se ouve. Tem que soar a novo. Destacar-se. Ter personalidade. E foi exactamente isso que me prendeu nos Juveniles, o efeito de "novo". No caso, um "novo" que me faz pensar em coisas que eu gosto (como os Maccabees ou os Metronomy), mas sempre o "novo".
Não que me tenha posto em "Alerta Laranja" como o fez Woodkid, onde sim, tudo era novo, mas acho que no mundo da musica mais electrónica é mais simples, para mim, que haja referencias, nem que seja a bandas e a sons que não são propriamente electrónicos.


Depois disto, fale-se então de Juveniles, o álbum homónimo da banda de Rennes, editado pela Kitsuné Maison, e produzido por Yuksek. Se havia como contornar tudo isto? Provavelmente havia, aqui podia não dizer nada disto, mas a realidade é que isto são informações da máxima importância. Porque voltamos aqui a parte em que eu defendo que os franceses são os melhores na musica electrónica  que há muito pouca coisa que a Kitsuné Maison edite que eu não goste e que Yuksec é genial. Continuemos então.




Encontramos neste álbum sons "electro-indie-rock-pop-cenas...", conjugados com a voz intensa, mas ao mesmo tempo "cosy" de Jean-Sylvain Le Gouic (ou será a de Thibaut Dora?), sempre com letras muito pertinentes e que nos "apanham", mesmo quando não queremos. Isto acontece em "We Are Young", em "Void (In & Out Of The)" (ainda que aqui com ritmos mais pulsantes e mais marcados e com uma clara presença de sons mais disco, que nos levam para um ambiente mais Synthpop) e em "Adriatique" de forma relaxante e instrumental. Já em "Elisa" ou em "Washed Away", ainda que estas sejam musicas com características semelhantes as referidas anteriormente, não posso escapar a referencia aos Metronomy, mas não aos Metronomy do ultimo álbum (aquela coisa mais comercial que andamos todos a cantarolar há 2 anos) mas aos Metronomy do inicio de carreira, com "Pip Paine (Pay The £5000 You Owe)", ou de "You Could Easily Have Me". Ou seja, de volta a sons que me fazem feliz, que arriscam, que apesar de muito melodiosos tem ritmo e são densos, como eu gosto.




Porem, Juveniles, como eu já disse, não são uma banda plana. Falando ainda em "Void (In & Out Of The)" nota-se uma influencia mais disco, presente também em "All I ever Wanted Was Your Love", num registo mais "festeiro", mais dançável, com mais ritmos, Sythpop apurado, e com mais "poder", o que também acontece com "Fantasy", ainda que  aqui o "disco", o ritmo e a festa apareçam numa forma mais "noir", dependendo da voz e do refrão, que nos leva a um mundo que é moderno, urbano e sempre divertido, ainda que não se perca o intenso de que eu tanto gosto.




Entramos depois num universo mais rock, ou melhor, onde a mim me soa mais a rock, e onde encontro referencias tão dispares como os Smiths ou mesmo os New Order. Em "Logical"e em "Through the Right", embora se verifique a consistência da banda ao nível das letras e das melodias, e uma constância que nos permite ouvir a linha condutora que se quer num álbum  há refrães fáceis  que nos põe a cantar, e a mim me lembram o trabalho de Twin Shadow, algures lá no meio.




Já a chegar ao fim, aparecem "Summer Nights" e "Strangers", para mim duas das melhores musicas do álbum  aqui com influencias mais rock e com a voz dos Juveniles a lembrar me a de Orlando Bloom dos Maccabees. Aparecem também agora as linhas de baixo mais marcadas e marcantes, num quase "pop-rock-electronico" despreocupado e calmo, com influencias dos anos 80, que cresce, e onde a certo ponto até podemos ouvir guitarradas épicas que nos levam a momentos quase Glam-rock quase ao estilo dos Foreigner ou dos Def Leppard, por exemplo.




Eu aposto nos Juveniles, não só para este verão, mas espera-se que para muitos outros. Aposto na amalgama de sons e nos recortes de outros sons que eles nos mostram e que misturam neste álbum homónimo.
Para alem disso, lembro me sempre do que me ensinaram na faculdade e que eu defendo sempre: copiar é feio, mas manter as referencias a coisas que para nos fazem sentido, pode correr (assim) tão bem.

"We're Young, We're gonna mess it up, Let Us Play, like David Said." - We Are Young.

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