"The Weight Of Your Love", ou os Editors renascidos

Ao quarto disco, os Editors estão de novo diferentes. Já o tínhamos sentido em "In This Light And On This Evening", musicalmente mais negro e electrónico que os anteriores. E este? Nota-se bem a saída de um dos elementos fundadores, o guitarrista Chris Urbanowicz (que quase deu origem ao fim da banda) e o primeiro avanço oficial "A Ton Of Love" fazia prever uma investida em modo U2 - dos quais não somos grandes fãs, para renascerem das cinzas. Quem é que não associou de imediato aquele bocadinho em que Tom entoa "desire" a inúmeras canções da banda irlandesa?

Felizmente, o novo álbum é muito mais que isso, e Tom Smith mostra a sua voz em diversas tonalidades mas sempre sem perder a sua identidade. A sua voz é algo que encaixa perfeitamente nos meus ouvidos, e sim, acho que qualquer coisa que o moço cante, regra geral, é aposta ganha.




Ao escutar o novo disco, soa-nos bem mais rock que o anterior. Deixaram de lado os sintetizadores e optaram por incluir sons mais tradicionais, apostando nas guitarras, incluindo a acústica, e em strings, nomeadamente violinos. O que para mim, que sou mais do rock do que da electrónica e afins, é uma boa notícia.

Há uma urgência - aquela que eu tanto gosto - em vários temas, sobretudo em "A Ton Of Love" e "Formaldehyde". A primeira parece-me ter sido o single perfeito. É tão catchy que mesmo que não gostemos, o raio da canção acaba por se entranhar. E depois, até damos por nós a cantar o refrão.




E "Formaldehyde" - a canção com nome estranho, mas que passou a ser um vício demasiado bom. Tem um ritmo à minha medida, o dom de me deixar animada e bem disposta, sempre a querer bater o pé, a querer dançar e cantar - mesmo em plena rua - ou neste caso, na praia. É extremamente viciante, tem um je ne sais quoi de pop, mais clean. E parece-me uma excelente escolha para segundo single.

"Sugar" é a minha grande paixão. Já tinha sido divulgada o ano passado, mas soa bem melhor na versão em disco. As palavras ganham ainda mais peso, os momentos instrumentais são ainda mais dramáticos e fortes, algo que não se sentia tanto na versão ao vivo. E a letra... "don't leave, don't leave, i want you to realize when i'm gone"...




Apesar de não achar uma canção fantástica, há que salientar o falsete de tom em "What Is This Thing Called Love", como se de uma chamada de atenção se tratasse. "Honesty" e "Nothing" são temas mais calmos mas que vão crescendo a cada audição e ganhando o seu espaço. "Hyena" é vencedora sobretudo devido a um trecho que eu adoro - e que me chamou a atenção desde o início: but don't you understand / the hunger makes the man / with all the lies in front of us / the world looks so ridiculous to me. e se pensarmos bem nos dias em que vivemos, é tão verdade...

"Two Hearted Spider" e "The Sting" são duas das canções que fecham a edição simples do disco e para mim as que merecem maior destaque. Porque soam mais aos Editors que conhecemos e gostamos (embora menos indie).




A edição especial premeia-nos com versões acústicas interessantes de "A Ton Of Love", "Formaldehyde", "Hyena" e "Nothing" que demonstram em pleno as capacidades vocais de Tom Smith. E isso é para mim definitivamente um bónus.

Contas feitas a este "The Weight Of Your Love", parece-me que os Editors mantêm o seu brilho. E que Tom Smith está mais maduro, mais seguro do seu registo. Mesmo quando canta sobre amores e relações que nos consomem e nos fazem sofrer.

I'm lost to a love that's a mile wide
drowned in a bath of formaldehyde

(Editors, em "Formaldehyde")

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