O manual de auto-reflexão dos Foster The People

"Pumped Up Kicks", "Helena Beat" e "Houdini" foram os temas que puseram os Foster The People no mapa indie. Ponto.

"Supermodel", o novo disco, não é tão refrescante como o seu antecessor, "Torches", mas também não me parece correcto dizer que "é mau" ou que "é mais do mesmo"

Não é tão descontraído, as letras são mais fortes, as guitarras estão mais presentes, e coexistem relativamente bem com teclados, baterias, e registos psicadélicos e electrónicos. "Supermodel" anda algures entre a electrónica, a pop e o indie, com apontamentos de world music, ou melhor, de MpB - sim, leram bem. 

Mas comecemos pelo princípio.

"Are You What You Wanna Be" e "Ask Yourself" marcam o passo com uma batida interessante q.b., crescendos no refrão e no caso da última, acordes simpáticos antes da parafernália de instrumentos - e são os primeiros sinais que este disco é também uma forma de Mark _Foster exprimir a sua opinião sobre a sociedade de consumo de hoje.

«is this the life you've been waiting for?»





"Coming Of Age" é o tema que mais me aproxima do primeiro disco.  O ritmo, o refrão, a letra. Não, não está ao nível de "Helena Beat" mas colou. Pelo menos comigo que passei a tarde a cantarolar o refrão.

"Nevermind" tem aquele ritmo simpático da música popular brasileira que soa tão bem nas tardes de verão... e acalma os ânimos antes de "Pseudologia Fantástica" - estranho nome para uma canção. Mas, os meus ouvidos adaptaram-se bastante bem, apesar dos seus 5 minutos. As variações vocais são impressionantes, bem como a intensidade instrumental.





"The Angelic Welcome" deixa-nos com a sensação que há uma referência celeste em todas as canções de "Supermodel", seja no som, seja na letra ou nas questões que Mark Foster vai colocando ao longo do disco.

"Best Friend" é "catchy", numa onda mais upbeat, ou melhor, a roçar o pop puro. 
De novo, as variações irrepreensíveis ao nível vocal. 
Foi A canção que me fez bater o pé. 
O refrão poderia ser mais forte, mais marcante mas ao som de "Best Friend", já cheira a verão, mesmo em dias cinzentos.




"A Beginner's Guide (to destroying the moon)" é a mais agressiva do disco, tem guitarras mais marcadas, é mais "pesada" tanto na melodia como na voz que aparece aqui mais grave - e eu confesso que não me inspirou muito...

"Goats in Trees" é o contraste - andamos com ataques de bipolaridade, Mark? - em formato acústico, sem a panóplia de cenas electrónicas das canções anteriores e uma afirmação: «I live my life the way I want »





"The Truth" leva-nos de volta aos ritmos iniciais. E aqui novamente o registo vocal a impressionar, como se existissem três personagens na história. - e não consigo deixar de imaginar a persona Mark Foster acompanhada do seu lado bom e do seu lado menos bom, como nos desenhos animados...

"Fire Escape" é simpática. Em formato acústico, com a voz de Foster a surgir em registo "clean". «Save Yourself» parece-me quase como se estivesse a absorver tudo e a encontrar o seu caminho. E a incitar outros a fazê-lo também.





[nas edições especiais, fechamos como começamos. "tabloid super junkie" é modo festa. ou melhor after party. «I'm ok». Com um instrumental world music em modo mantra. E os últimos segundos a recordarem-nos o momento de lançamento de uma nave - onde é que já ouvimos isto?? (em RAM dos Daft Punk, pois claro!)]

"Supermodel" é conceptual, não é tão direto, e não é definitivamente um disco "preto no branco"
Tem uma mensagem clara: do início ao fim, os Foster The People questionam-nos sobre o caminho que cada um de nós toma, a importância que damos às coisas que nos rodeiam e como isso vai definindo a nossa vida.

São questões pertinentes, claro. 
Até porque estão na ordem do dia. 
E são apresentadas em tom ligeirinho para não deprimir.

Mas, apesar dos bons momentos, "Supermodel" é apenas um disco assim-assim. 
A culpa? 
Quase que apetece dizer que é da expectativa pós-"Torches".

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.