A euforia pop dos Bombay Bicycle Club

Diz-se por aí que os Bombay Bicycle Club não têm identidade musical vincada. Que, de álbum para álbum, ouvem-se sonoridades diferentes: do indie ao blues, da folk ao rock, com pózinhos de dança pelo meio. Neste "So Long See You Tomorrow", deixaram de fora as guitarras e abraçaram a electrónica. O som está mais psicadélico, e mais eufórico. Estão mais vibrantes, mais mexidos, mais dançáveis - foi impossível não me recordar do brilhante primeiro disco dos Two Door Cinema Club.

"Overdone" é o tema de abertura e é talvez o que melhor ilustra essa (in)coerência sonora dos Bombay Bicycle Club. Nota-se desde logo a influência da world music (resultado das viagens que Jack Steadman, o vocalista, fez à Turquia e à India). A melodia é complexa, cheia de pequenos detalhes, e de sons distintos, misturas que poderiam soar esquisito, mas que funcionam.




"It's Alright Now" é o (primeiro) momento de pura pop, dançável, com explosões instrumentais controladas e uma batida sempre presente a marcar o ritmo. "Carry Me" traz-nos de volta a synthpop dos anos 80 - aquela que nós ouvíamos e adorávamos e que agora mal suportamos - e é imponente e cativante.





"Home By Now"  tem melodia instrumental bonita como se de uma orquestra se tratasse e oferece-nos um dueto fabuloso de Jack Steadman e Lucy Rose, a dar aquele toque romântico ao tema e ao disco, sem nunca serem 'lamechas'.

E se "Whenever, Wherever" é mais uma explosão de sons, "Luna" é brilhante. É, para mim, a melhor canção do álbum, e, para já, uma das melhores do ano. A voz de Steadman encaixa perfeitamente na melodia, as linhas de baixo são arrepiantes sobretudo na explosão instrumental. É o tema é perfeito para nos pôr logo a bater o pé e entoar o refrão - «there's a lot of words to call out, just waiting for the perfect hideout, down when the walls start shaking, i'm ready for you to find out, to find out, to find out, oh oh»





O contraste aparece com "Eyes Off You", em que o piano é dono e senhor, dando a Steadman a liberdade para explorar a sua escala vocal. Lucy Rose é uma preciosa ajuda, a dar intensidade à canção, preparando-nos para uma entrada em grande da bateria e dos restantes instrumentos.

"Feel" é talvez o melhor reflexo das viagens que o vocalista fez, com um trecho fabuloso à la Bollywood, que nos remete de imediato para as suas famosas coreografias. Mas é com "Come To" que reconhecemos os Bombay Bicycle Club de antigamente. É um ligeiro regresso às origens, a canção que mais perto está do que fizeram em discos anteriores, a sentir-se novamente as linhas de baixo e a bateria.





O disco fecha com o tema título, "So Long See You Tomorrow", e é perfeita para fim de festa, ou para um after hours, depois de uma noite alucinante em que soltámos toda a nossa loucura. «keep goin' round and round and round...» É quase o momento de descompressão, para expelir toda a energia que acumulámos com os temas anteriores. E resulta.





Pois é, se calhar, os entendidos têm razão, os Bombay Bicycle Club ainda não encontraram o seu som. Aquele que os define, que os caracteriza. Mas para mim, isso não é necessariamente mau. É sinal que estão à procura do que melhor lhes assenta. E depois de ouvir "So Long See You Tomorrow", parece-me que estão no bom caminho.


«And I keep the world away to be asleep throughout the day is all I need»
Bombay Bicycle Club em "Overdone"

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