Warpaint 2.0

Aviso à comunidade: a publicação de hoje é dupla. ou melhor, é um "em disco e ao vivo: descubra as diferenças". porque as primeiras linhas sobre as Warpaint foram escritas sem nunca as ter visto ao vivo. (...mesmo comigo a dizer que a coisa não era tão má como a concertina estava a prever... sendo que o estranho nesta situação é que eu sou a que acho sempre que as coisas vão ser piores do que são... ). Situação ultrapassada no fim-de-semana e que alterou a minha percepção sobre a música das meninas.

Momento (I) - Antes da Aula Magna

«Vamos lá fazer um esforço. sim, porque como já devem ter percebido por aqui, tanto eu como a Chavininha temos dificuldades com bandas de raparigas. Porquê? porque parece sempre que lhes falta qualquer coisa. Na voz, na interpretação... qualquer coisa pronto. E mesmo quando em disco a coisa soa bem, ao vivo, bem, ao vivo corre o risco de ser uma desgraça. (99% das vezes é isso que acontece no meu entender. Não percebi ainda se é de quem faz o som, se é de outra coisa qualquer, o facto é que a gerência não é fã de cenas "fofinhas" e meninas a sofrer sabe-se lá por alma de quem, que mais parece que estão a miar como os gatos.)

Mas, há que dar uma hipótese às meninas, quanto mais não seja porque lançaram álbum novo e diz que há concerto na Aula Magna no próximo dia 1. (e nós até vamos lá estar.)



E o que dizer das Warpaint depois de escutar a discografia? 
Que ainda não entendi todo o hype à volta do novo disco. Não nos entendemos, ou melhor, os meus ouvidos não atinam com o som. São meio monocórdicas. sem garra. E ao ouvi-las, há aquela sensação desconfortável de que, ao vivo, o "desafinanço" é quase uma certeza.

Ainda assim, há momentos simpáticos, interessantes, intensos. "Billie Holiday" e "Elephant" do EP "Exquisite Corpse", por exemplo. Ou "Undertow" e "Baby", do disco de 2010 "The Fool". Ou, em "Warpaint", bem mais conceptual e etéreo que o anterior registo, "Keep It Healthy" e "Love Is To Die". Aos meus ouvidos, mais nada se destaca - o que provavelmente vai contra tudo o que já se escreveu sobre (as) "Warpaint".



Ainda não as vi ao vivo, mas a Chavininha diz que a coisa até funciona bem (que há magia e garra, que a baterista é mesmo boa e coisas assim dessas que não se notam em estúdio ou em video) (na sua memória está o concerto que deram em Paredes de Coura em 2011). Por vício em concertagem ou por mera curiosidade, (no caso concreto porque nos apeteceu e porque estávamos aborrecidas) o concerto na Aula Magna aguarda-nos.»


Momento (II) - a Aula Magna

«"Estou surpreendida. Afinal elas até soam bem e têm ritmo." Foram as palavras que me surgiram durante o concerto das Warpaint (no meio de muitas gargalhadas altamente sonoras minhas e da cara de estupor da menina que estava à nossa frente e que nos queria matar). As expectativas não eram muito altas, é certo, e mais do que cumpridas, foram superadas. As vozes portaram-se à altura, o som estava bom - a acústica da sala é realmente fabulosa, as guitarras, o baixo e sobretudo a bateria esteve irrepreensível e os temas da banda ganharam uma energia e uma força que em disco não tinha ainda sentido. E o público. Ainda que muitos se tenham mantido sentados - continuo sem entender esta coisa de assistir a concertos pop-rock-indie-cenas sem ser de pé (...eu não sei porquê, até porque no Porto a coisa não funciona assim... mas deve ser uma tendência local. Ora se é rock, a gente dança... não?...) - os restantes levantaram-se à primeira oportunidade e criaram o "mood" certo para tornar o concerto digno de fecho de digressão (que, se virmos bem, é uma coisa que nós Portugueses sabemos fazer tão, mas tão bem...).





Pontos altos? "Love is to die", que arrancou as primeiras reacções efusivas e os primeiros aplausos sentidos. "Undertow", provavelmente a minha preferida da discografia, foi fabulosa, cheia de ritmo e explosiva no final. "Billie Holliday" apareceu lá pelo meio, perfeita para acalmar os ânimos, que voltaram a acender com "Disco/Very" - em disco não me entusiasmou particularmente, mas ao vivo pôs toda a gente a dançar (tão, mas tão, mas tão bom)"Baby", já no encore, e em versão acústica, foi o momento "romântico" da noite, mas que conseguiu arrancar-nos sorrisos e palmas quando se ouviram os acordes e os versos de "Because The Night". (Ora bem, momento fofinho. Tempo de repensar em tudo o que tinha acontecido até aquele momento e que me fez desesperar até à entrada da musica do Springsteen. Mas porque raio é que ela não fez só a versão? Porque tinha que haver um momento fofinho? pfffff.). Para o fim, ficou "Elephants", a fechar em grande estilo uma noite há muito aguardada pela maioria.»

Tentei ouvi-las outra vez. Não consigo, pelo menos a discografia completa. Continuo sempre à espera da explosão, da garra, da atitude que (ou)vi em palco. O que me deixa com uma certeza: há bandas que são definitivamente muito melhores ao vivo. Sobretudo quando se entregam de alma e instrumentos. 

E eu finalizo a opinião de Miss Concertina, não só porque já sabia que os discos e os mp3 e os vídeos e tudo o resto, neste caso (e noutros que nós conhecemos...), não correm nada bem (...apesar de confessar que me senti baralhada, e de, a determinado momento, ter achado que, provavelmente, teria sido a mística de Paredes de Coura a criar o que eu senti em 2011 e não as Warpaint...), a dizer que elas por aqui também não tocam. Irão tocar só no Parque da Cidade, algures no meio do Primavera Sounds. Provavelmente connosco a ver. Porque prefiro lembrar-me delas assim, em bom.

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