Antes de Anoitecer, ponham a tocar os The New Respects, por favor

Hoje é dia de falar nos The New Respects e no seu primeiro álbum, este Before The Sun Goes Down.
No inicio hesitei em falar neles, eu confesso. Afinal de contas, não me parecia muito promissor falar numa banda de irmãos, de Nashville, que fazem pop-cenas-funk com pedacinhos do melhor rock que anda por aí. E nem a capa do álbum me inspirava grande coisa. Afinal de conta parecia uma colagem aos Jackson 5, ou a um álbum de Boogie dos anos 70.
Mas, na verdade, desde que começou a tocar, Before The Sun Goes Down acabou por ficar em repeat de tão bem que soa. Com todas as coisas que eu achei que ele ia ter, mas com um outro elemento que me escapou: a magia.




Não se fala aqui de musica complicada, estamos no domínio da pop, e, “complicado” é palavra que esta fora deste dicionário. E isto é uma coisa que se deve reter sempre que os The New Respects começam a tocar.

Uma das melhores musicas do album é “Come As You Are”, totalmente em modo soul e cheia de sentimento. Nem parece que estamos a ouvir miúdos a tocar, na verdade. A meio, podemos até pensar que estamos a entrar em território dos blues, sem nunca o ser, mas só porque não é o que se pretende. “Frightening/Lightning” num jeito gospel/soul, com mais ritmo, muito boa bateria, é uma musica muito bem pensada. Um gênero de funk-rock, uma musica para dançar e bater palmas enquanto se canta nem que seja para poder acompanhar o coro.





Da mesma forma, “We Ain’t Going Nowhere” com as suas guitarras que aparecem a soar bonito lá no meio das pandeiretas e que nos fazem bater o pé. As guitarras e os coros estão no sitio certo, a bateria ali a ser tocada como gente grande, o meu pezinho sempre a bater fazem dos The New Respects uma banda de gente grande, que não renega as influencias pop e solo, nem muito menos as funk, e as eleva a outro nível.

Apesar da coerência do álbum, não o podemos engavetar em nenhum estilo em particular: ele vem cheio de funk, traz muitos pedacinhos de disco music, rock n’ roll da velha escola (…e de todas as outras), sendo isto tudo muito coerente ainda assim. Os The New Respects são a melhor descoberta do ano até agora, disso eu não tenho duvidas.





A música que dá nome ao álbum, “Before The Sun Goes Down”, está no território mais assumidamente pop do álbum todo (com um bocadinho de funk, tá bem.) Mas é pop, daquele mesmo muito orelhudo e bem disposto, uma musica daquelas que é mesmo precisa em momentos de outono chuvoso, como o que agora está la fora. Quando toca “Hands Up” aparece disco de novo. É uma musica divertida e dançável, que, em alguns momentos me faz lembrar o primeiro álbum das Haim.

Mas, a verdade é que, sempre que Before The Sun Goes Down começa a tocar eu anseio por dois momentos, “Freedom” e “Trouble”. Falemos na primeira.
“Freedom” leva-nos ao departamento mais Rock n’ Roll, aquele com pausas dramáticas q.b., coros e guitarradas à antiga, onde apetece bater palmas, abanar os pés. Aquele sitio onde eu, a bem dizer da verdade, me sinto mais em casa. “Freedom” é uma grande musica, e sobre isso não me parece que haja nada a dizer.





“Trouble” aparece no mesmo alinhamento. Adoro a entrada e o groove da própria canção, a bateria, e os coros, que trazem o rock. Um Rock n’ Roll meio cowboy, de que eu sou sempre muito fã. Fosse só por esta musica (e por “Freedom”) já teria valido a pena ter ouvido os The New Respects. Adoro a forma como ela é cantada e o sentimento com que ela vem.

Claro que, tem que haver sempre uma excepção, mais que não seja para confirmar a regra. Essa, para mim é “Rich”, a musica que, se eu pudesse eliminava deste álbum. Uma balada Soul, com ritmo e sentimento, mas que não tem nada que a distinga de muitas outras que passam na radio. (o que, para mim é assim tão mau sinal). E é que nem os bocadinhos de gospel lá no meio a salvam!

Before The Sun Goes Down é um álbum muito bom, muito coerente e muito divertido, cheio de melodias bem feitas e com letras muito pertinentes. Se pensarmos que quem faz isto são miúdos, gosto sempre de pensar que, no grande conjunto do que se tem visto nos últimos tempos (se pensarmos, por exemplo, nos Superorganism), a nova geração que esta agora a formar-se e a começar a aparecer está muito bem recheada de talento e de coisas boas, e descansa-me pensar que vamos ter sempre muito boas coisas para ouvir. Essas coisas assim tão boas, tem um senão: eu fico sempre à espera de mais. Mas só desde que seja assim tão bom.

"... Baby, Take it from me, Ain't nothing dragging us down, So, baby take it from me, Ain't nothing stopping us now..." em Freedom.

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