Motels, o último dos Cults



Os Cults foram desafiados pela Sounds Delicious para fazer a sua versão do álbum Motels no âmbito da iniciativa Turntable Kitchen, onde já outras bandas tinham participado, fazendo eles também versões de outros álbuns.

A escolha deles recaiu neste Motels, um álbum homónimo de 1979, o primeiro álbum da banda americana The Motels. E, pegar num álbum icónico como Motels, e transforma-lo num álbum dos Cults não pode ser nunca algo que nos passe ao lado.

Eu sou muito fã dos Cults, da simplicidade complicada que eles tem e da musicalidade única que eles nos trazem, e, na verdade, esperava por Motels desde o ultimo álbum, e Motels, deixa-me à espera de ver qual é o próximo passo: porque aquela coisa de que no que está bem não se mexe devia ter uma adenda que diz: a não ser que seja para fazer melhor. 

A primeira musica, “Anticipating”, começa com a voz de Brian Oblivion em destaque, a dar entrada e a fazer-nos prestar mais atenção à voz de Madeleine Follin sempre tão etérea e pura, que não nos deixa pensar em mais ninguém senão nos Cults. Ainda assim, um dos meus destaques vai para “Kix”, mais densa, com a voz de Madeleine a aparecer mais distorcida, o que dá à canção ainda mais profundidade e a torna incontornável neste Motels.

No entanto, o single do álbum é “Total Control”, muito em jeito dream-pop, que nos faz viajar não só aos anos 80, como ao universo dos próprios Cults que, se formos bem a ver, colhe muitas influencias desta época e do New Wave per se. “Total Control” é uma canção que poderia ser o sumario deste álbum, muito bem tocada e muito bem cantada, como se pudesse ser mesmo dos Cults sem precisar de ter sido dos Motels, mas sem nunca deixar de ser deles.


Outra das minhas preferidas do álbum é “Atomic Café”, quer pela densidade, quer pela profundidade do novo que os Cults trazem nesta abordagem. A ultima musica do álbum é “Dressing Up”, que, tal como no original, o fecha da melhor forma possível. Uma melodia meio dengosa e arrastada, cheia de intenção, com uma bateria urgente e um sintetizador que a traz para 2018.

Motels é uma versão mais do que muito boa que os Cults foram desafiados a fazer de um dos seus álbuns de referencia, o que eles conseguiram foi, acima de tudo, trazer um álbum com não sei quantos anos para 2018, de uma forma bonita, e sem descaracterizar, de forma nenhuma o trabalho deles.

Motels, dos Cults, é um álbum muito bom, já o original o era, e, o que o distingue verdadeiramente do resto é o factor “novo” dos Cults e a voz de Madeleine Follin, que só por ela vale ouro. Mais uma vez, os Cults jogaram para vencer e conseguiram criar o novo tendo como base um álbum de culto, o que, ja se sabe, é um trabalho mais do que árduo.

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