Viagem às Músicas do Mundo: "Amir" de Tamino
Já vos falei deste miúdo.
Na altura, deixei-me levar por uma versão incrível de "I Bet That You Look Good On The Dancefloor" dos Arctic Monkeys. Depois, por tudo o resto.
O álbum de estreia, "Amir", chegou finalmente e inclui as já conhecidas e maravilhosas "Habibi" (que continua a ser mágica e divinal), "Sun May Shine", "Indigo Night" (que conta com a colaboração de Colin Greenwood, dos Radiohead, no baixo, daí os acordes dissonantes) e "Cigar", sobre as quais já falei aqui.
As canções «novas» são tão ou mais interessantes, num registo «Oriente meets Ocidente» entre o rock e o folk. Notam-se influências de Serge Gainsbourg e de Leonard Cohen e até de Radiohead, claro.
Tamino é dono de uma voz incrível, quase sobrenatural, angelical também, quando lhe sai o falsetto e "Amir" é um disco intenso, melódico e perfeito a nível lírico e instrumental.
Seja na mais alegre "Tummy" ou na romântica "Chambers". "So It Goes" é surpresa boa, um dos pontos mais altos, com elementos de cordas arrebatadores. O grupo de músicos responsável por esses elementos é oriundo do Médio Oriente, chama-se Nagham Zikrayat e é composto por refugiados da Síria e do Iraque. E "só" por isso, o tema ganha outra força e ainda mais autenticidade.
De repente, chega "Each Time" e pensamos que o som instrumental não está bom. Mas é "apenas" o uso da escala arábica, por isso nos soa tão estranha e desafinada aos ouvidos ocidentais. Mas ouvimos novamente e quebramos... "Verses" é canção de amor delicada e "w.o.t.h." um hino de luta e mudança. Em "Intervals", a voz de Tamino brilha nas mudanças de ritmo da canção e "Persephone" - que vos mostrei aqui - fecha o disco com chave de ouro. A melodia é tão envolvente que aquece em dias frios e chuvosos, e a letra tão arrebatadora que arrepia.
"Amir" é um dos meus discos do ano. Não só porque a voz de Tamino é perfeita para os meus ouvidos, mas sobretudo porque mistura várias culturas, vários sons, várias origens e cria uma sonoridade única e incrível. Que nos surpreende, nos desafia, nos deslumbra e nos faz querer ouvir mais.
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