Ao vivo: Editors no Coliseu dos Recreios

Quarta-feira, 16 de Outubro de 2013. Os Editors estão de regresso depois de uma passagem simpática pelo Optimus Alive meses antes. A sala não está cheia, nem sequer composta. Mas o entusiasmo do público quando Tom Smith e companhia entram em palco disfarça o ambiente.

"Sugar" é um dos meus temas favoritos do novo álbum, é daqueles que para mim tem sempre um efeito dramático. Basta prestar atenção. E escutar Tom a entoar «don't leave, don't leave, i want you to realize when i'm gone»... Arranque perfeito. "Smokers Outside The Hospital Doors" e "Bones" provocam os primeiros gritos efusivos, e aí percebemos que quem está no Coliseu já os acompanha há muito.




"Eat Raw Meat = Blood Drool", "Two Hearted Spider" (o momento semi-acústico) e "You Don't Know Love" levam-nos a sentir a intensidade, a força da voz de Tom Smith - quanto a mim irrepreensível ao longo de quase duas horas. "All Sparks", essa canção tão velhinha, dá início a uma sequência demolidora: "Formaldehyde" e "A Ton Of Love" - do último álbum, mas já acarinhadas pelo público, "An End Has A Start" - que devido a uma falha no baixo, tem de ser reiniciada (o que só aumenta o entusiasmo de que os vê), "Bullets" e "In This Light And On This Evening" - simplesmente arrepiante no crescendo instrumental.

A meia luz, o resto da banda desaparece para vermos Tom Smith interpretar "The Phone Book", que apesar de não ser fantástica, cria o momento mais intimista do concerto. Quase como se quisessem que recuperássemos o fôlego. Porque logo a seguir, os Editors levam-nos ao rubro com "Munich", "The Racing Rats" e "Honesty" - do novo registo, e que é uma revelação: ao vivo, com o público a ajudar no coro, transforma-se num exemplo claro da empatia entre banda e plateia.





Aproxima-se o fim. Depois do compasso de espera habitual nestas coisas, a banda regressa para mais três: "Bricks And Mortars", "Nothing" - a iniciar com Tom ao piano - e aqui, não posso deixar de dizer que foi ligeiramente arrepiante ouvi-lo com «every conversation within you, starts a celebration in me // till i got nothing left»... para depois puxar por nós quando os restantes instrumentos entram em cena.

As últimas palavras são de agradecimento de quem não precisa de falar muito para nos conquistar. Tom Smith é incansável em palco, sempre de um lado para o outro, alternando entre guitarra e piano, trepando até os amplificadores por vezes para dar ainda mais intensidade às suas interpretações. E "Papillon" não destoa. É talvez a mais electrónica de todas, e é provavelmente o tema de encerramento mais adequado para por toda a gente de pé e aos saltos, a celebrar.

Não foi um concerto memorável, mas também não desiludiu. Foi competente. E foi sobretudo inteligente. Numa altura em que os novos sons não nos convencem à primeira, os Editors souberam dar-nos exatamente aquilo que nós queríamos. E só por isso, já valeu a pena.



«Does the honesty deceive? // Try to find a way to leave this party 
Take it out on me cause // All the honesty shut this place down»

(Editors, em "Honesty")


uma nota final para a banda de suporte: os Balthazar são belgas e não são maus de todo. São simpáticos, são divertidos e fazem música pop a roçar o indie - ou será ao contrário? - que sem ser extraordinário, não agride os ouvidos mais atentos.

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