As crenças e as entranhas dos CHVRCHES

Os CHVRCHES são uma das promessas da nova onda de Synthpop que anda a invadir as "terras de sua Majestade." Ponto. O que os distingue do resto? Pois bem, o que realmente os distingue de bandas como os London Grammar ou os Alunageorge e afins, é que os CHVRCHES são muito, mas mesmo muito bons.




A banda de Glasgow é composta por Lauren Mulberry, a dona da doce voz, Iain Cook, o mestre das guitarras e das linhas de baixo e Martin Doherty que domina totalmente os sintetizadores e os samplers e ainda tem tempo para dar uma ajudinha nas vozes.

The Bones of What You Believe saiu a 20 de Setembro passado e já se tornou um vicio. Não só pela delicada voz ou pelo poder das suas melodias doces e intensas, mas, também, pela intensidade dos seus live acts, que não me conseguem nunca deixar indiferente.



Os CHVRCHES foram também já, primeiras partes de bandas como os Passion Pitt ou os Depeche Mode, por exemplo, e tem até uma musica na banda sonora do FIFA14. E porquê? Porque como me dizia alguém no outro dia, são uma "espécie de furacão de energia", de qualquer coisa entre o electrónico e o pop, naquilo que os 2 tem de melhor.



Ao ouvir o álbum notam-se influencias tão dispares como Prince, Kate Bush, Cindy Lauper ou dos Cocteau Twins entre outros, com uma roupagem nova e refrescante que faz com que se queira ouvir sempre mais. 

Em The Bones Of What You Believe temos momentos muito doces e quase que delicados como em "The Mother We Share" ou em "Recover" onde a voz de Lauren Mulberry domina a musica, ajudando-nos a seguir o caminho da mesma, com uma letra intensa e com um instrumental poderoso que não nos deixa indiferentes, ao mesmo tempo que nos leva num ritmo que é sempre "quase" pop, mas que é francamente fresco e aliciante.



"Thether" e "Lungs" seguem a mesma direcção  ainda que a primeira com um andamento mais calmo e mais denso, que quase que explode e que nos deixa sempre a querer mais (mesmo que seja só isso e que nunca se dê de facto nenhuma explosão.)



"By The Throat" ou "You Caught The Light" são também musicas mais calmas com um instrumental muito bom e uma conjugação perfeita de samplers e sintetizadores que funcionam de forma ridiculamente boa.



Em "We Sink" (a tal música do FIFA14) e em "Gun" entram ritmos mais poderosos, com sons mais pulsantes acompanhados por uma letra mais agressiva e mais crua, que as torna mais poderosas e mais dançáveis. Não consigo não me lembrar aqui dos The Whip, com o seu The X Marks The Spot, aquele fabuloso primeiro álbum.



As jóias da coroa de The Bones of What You Believe são, para mim "Lies", com muito ritmo, parece que não se consegue parar de dançar, com muitos e muito bons sintetizadores e uma grandiosa linha de baixo num registo muito mais intenso e muito menos pop, e "Night Sky". 



De destacar também a maravilhosa "Under The Tide", onde a voz de Martin Doherty dá muito bem conta do recado, e substitui a de Lauren Mulberry, o que dá a música uma intensidade que ela não consegue e que é perfeita para esta musica. Os crescendos são sempre fabulosos e dão às musicas ainda mais emoção.



A minha preferida, independentemente do dia, da hora, do estado de espirito ou da disposição é claramente "Science/Visions", onde eu acho que o trabalho dos CHVRCHES é mais poderoso e até "limitador" no bom sentido da coisa: ou seja, é uma musica mais caracterizadora, mais "pesada" com crescendos mais marcados, e eu acho que é a musica onde a voz de Mulberry encaixa melhor, como se aqui, finalmente, fosse parte integrante da musica e não a voz bonita e contagiante que nos guia ao longo do álbum  e se transforme finalmente num híbrido da própria musica.

Os CHVRCHES são, assim, uma das poucas bandas britânicas de Synthpop que me inspiram e que cismam em não querer sair do meu iPod, porque o electro-pop não tem que ser obrigatoriamente comercial e, pode ser (assim) tão bom.

"...I'm the cold heart, I'm the secret that you hide, I'll be listening until you decide..." em Night Sky.

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