(Finalmente) o AM dos Arctic Monkeys, em versão Porto vs. Lisboa

Ora bem, vou começar já por dizer que AM, o álbum dos Arctic Monkeys, ganha, de longe, o prémio de "álbum que andamos a evitar ter que analisar". Não por mais nada, mas, porque, no meu caso, tenho com os rapazes uma ligação emocional muito forte, que me faz ser demasiado facciosa e/ou acutilante naquilo que eu penso. (sim, ainda mais.)

O álbum já saiu em Setembro, mas só agora é que nos sentimos capazes de escrever umas quantas linhas sobre "AM". E porquê? Porque somos mega fãs dos Arctic Monkeys. Porque gostamos de (quase) tudo o que estes moços fazem. Porque temos grandes dificuldades em ser racionais, e sobretudo por estarmos perante um grande álbum.




Comecemos então por duas das músicas que já tivemos o prazer de ver tocadas ao vivo, no SBSR, e que nos acompanham há mais tempo, Do I Wanna Know e R U Mine?.

Se aquando da sua saída, R U Mine se tornou viciante por mostrar qualquer coisa nova dos Arctic Monkeys, a verdade é que Do I Wanna Know não ficou nada atrás. E se R U Mine é para mim ainda uma das melhores musicas para andar de carro, a verdade é que Do I Wanna Know pode até provocar acidentes. (felizmente nunca aconteceu, mas confirma-se, estes temas desconcentram-nos de tão bons que são, palavra de Concertina).







Sim, toda a gente já sabe que o som deles mudou e que cresceram e que "blá, blá, blá". Mas a realidade é que os Arctic Monkeys estão mais sexy. E que Do I Wanna Know é, claramente, o inicio de um novo capitulo na historia da banda. (E eu ainda acho que é uma das musicas de AM com a letra que qualquer rapariga gostaria de ouvir cantada para si.)


E falar em Do I Wanna Know e R U Mine? sem falar em linhas de guitarra marcadas e fortes, e no prodígio de Matt Helders na bateria não pode ser. Essa é que é a verdade.





Ainda não sei hoje, quase 2 meses depois de ter saído este AM, se é de mim, que sou adepta de coisas intensas, mas acho que o álbum vem carregado de "coisas", e é impensável não estar sempre com os sentimentos todos a flor da pele quando ele começa a tocar. 



Assim sendo One For The Road não é excepção, e aqui a voz de Alex Turner, ganha (ainda mais) dramatismo, juntamente com o baixo de Nick O'Malley, o que também acontece em Arabella. Uma das minhas preferidas desde o inicio, quer na forma quer no conteúdo. (eu acrescento, Arabella é fabulosa, estou colada na letra, na música, no ritmo).






Chegamos a Snap Out Of It, uma espécie de "perfect soundtrack" para a maior parte dos dias, com um ritmo contagiante e uma letra deliciosamente boa. (e diz que concluímos no fim-de-semana, que é a "canção eurovisão", aquela que vai por toda a gente a bater palmas e a entoar refrães).








Why'd You Only Call Me When You're High? é uma das grandes novidades deste AM, uma daquelas que primeiro se estranha e depois não se consegue parar de cantar. (ui, eu não achei graça nenhuma quando saiu o vídeo. mas agora, o raio da canção não descola.)



Voamos para Knee Socks e para I Want It All, rock em estado puro, talvez o que de mais parecido possamos encontrar neste AM enquanto referência a trabalhos anteriores, mas sempre com o novo "toque" de Turner, mais crescido, mais sexy, mais assertivo, no fundo, mais homem. Aqui temos as linhas melódicas que são característica do trabalho dos Arctic Monkeys e que não podem ser de mais ninguém.







Como sempre, há coisas que eu não aprecio, como Mad Sounds (sim, entendo o espírito de tentativa de conquista à América e de facto a musica não descola, eu acho-a é parva.) e Fireside, que eu confesso que me soa demasiado comercial. E avanço para o "grand finale": No. 1 Party Anthem e I Wanna Be Yours.

Para mim, No. 1 Party Anthem é um hino, numa linha melodicó-deprimente, quase de fim de festa, em modo canção de quase amor, com um leve toque que me lembra um fim de tarde de fim de férias ou mesmo uma tarde chuvosa de Inverno, quando esperamos que o dia chegue ao fim e seja quase hora de chegar a casa. De facto, quando Turner canta «...It's not like I'm Falling in Love, I just Want You to do me no good, and it looks like you could...», acabo sempre por dar por mim a pensar: "meu deus, o mundo real é tão pouco cruel quando alguém o consegue cantar assim!"




E acabo com I Wanna Be Yours, balada ao estilo "anda cá que és minha", e que é, claramente o momento mais íntimo deste AM. E que, como tal, pode até provocar arrepios nas pessoas mais susceptíveis.

Tentava explicar num destes dias à Concertina que há pessoas que tocam ou fazem musica de forma delicada, por mais cruel ou dura que ela até nos possa soar, ou que saibamos que ela é. Este é um destes casos.




Em conclusão, e porque ultimamente me tenho lembrado muito disto, recordo-me de um dia, há já muitos anos, quando saiu Humbug, o segundo álbum dos Arctic Monkeys, de ter dito a alguém que, para mim, Alex Turner era um pequeno génio, e que ia ser, ainda que em moldes diferentes, o "novo" Wayne Coyne (o vocalista dos Flaming Lips) no que diz respeito à forma de contar historias e não se limitar a cantá-las, e no que diz respeito ao nível de "sexyness" que Coyne imprime no que canta quando quer (tenho como exemplo máximo disto a actuação dele com os Chemical Brothers nos EMA de Edimburgo). Sempre achei que Turner se ia tornar um contador de historias  daqueles que nos faz querer ouvir tudo o que ele nos quer dizer sem que dele consigamos tirar os olhos.



Lembro me perfeitamente que essa pessoa se riu de mim e me disse que isso era praticamente impossível de acontecer. Pois é, confesso que até tenho alguma curiosidade em saber, se ele agora não me daria razão.





E o que posso eu, concertina, dizer mais? Que é provavelmente o melhor disco dos Arctic Monkeys. O mais maduro, o mais sedutor, o mais completo. De "Do I Wanna Know" a "I Wanna Be Yours", Alex Turner e companhia oferecem-nos 42 minutos de puro prazer auditivo. Ou quase, que eu ainda tenho as minhas reservas em relação a "Mad Sounds" - apesar de cantarolar tudo do início ao fim... E que continuo viciada, e que - caso o Blakie não estivesse na corrida - seria definitivamente a minha escolha para o Mercury Prize deste ano! :)



Momento Chavininha deste AM: "If you want your coffee hot, let me be your coffee pot." em I Wanna Be Yours e por motivos mais do que obvios ;)

Momento Concertina deste AM: «So have you got the guts? Been wondering if your heart's still open and if so I wanna know what time it shuts», em "Do I Wanna Know" ;)

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