Andemos pelas linhas dos Patterns

Os Patterns vêm de Manchester. Talvez isso se note na intensidade e pujança do som do seu álbum de estreia, "Walking Lines", ou talvez não. A mim soa-me a que sim.

A única coisa que eu sei é que Walking Lines me soa a algo etéreo e meio mágico, tudo num formato rock-pop-electrónico e cheio de referências de outras coisas que normalmente eu ouço, como os Deerhunter ou os Animal Collective, e até mesmo os Foals. Mas pode ser que seja de mim.

Lembram-me também o ar livre, e tudo o que possa ter a ver com espaços fechados e estúdios de gravação, fica aqui de fora da jogada. Como se a música deles tivesse o dom de soltar os sons que há dentro deles e os tivessem mandado pela janela fora, soltando-os para se possam recriar por aí. Algo livre e solto.



E, depois deste "aviso", comecemos então a ouvir Walking Lines, o primeiro trabalho dos Patterns.


Encontramos em "This Haze" uma entrada meio lenta, com as guitarras a marcar o ritmo. Assim que a musica começa "a sério" contagia-nos e faz-nos querer dançar com o som meio em "afro-beat", que se solta das guitarras e que nos quer arrastar para um universo que nos leva quase aos The Drums mas em lento. Melhor, em menos directo. O mesmo acontece em "Broken Trains" e numa das minhas favoritas de Walking Lines, "Wrong Two Words". Na primeira a voz ganha força logo no inicio, e aparece-nos quase num grito, e a bateria ganha algum destaque, e na segunda, depois de um inicio mais desconstruído e mais psicadélico que contrasta com a voz calma, o que nos leva numa viagem intima de desamor. 

Na verdade, aquilo que distingue os Patterns de qualquer outra coisa que se possa ouvir são as suas melodias, que são verdadeiramente magicas.



Em "Blood" destaco a letra e a melodia mais densa, muito mais ao jeito dos Deerhunter mas sem a força da voz de Bradford Cox, que sim, marca toda a diferença. O mesmo acontece em "Walking Lines" a musica que dá o nome ao álbum, ou em "Climbing Out", ainda que em "Walking Lines" de forma mais introspectiva e mais negra, de onde destaco o crescendo e as harmonias vocais que nos aparecem ao longo da musica, bem como a voz de Ciaran McCauley, que nos faz querer cantar com ele em qualquer situação.



Em "Face Marks" finalmente chega o ritmo que me contagiou assim que os ouvi, e a voz tão característica, e aqui sem falsetes, de McCauley. E toda aquela urgência, de que eu tanto gosto, e a vontade de ouvir mais. Os Patterns e as suas letras pujantes e sempre meio desesperadas, com mensagens quase que encriptadas de amores e guerras privadas com as quais as vezes nos identificamos. Uma urgência que me faz sempre lembrar os Foals, e alguns momentos até os Maccabees, com o uso delicado de alguns samplers e de pausas dramáticas. O mesmo acontece em "Our Ego", embora aqui se note uma influência mais rockeira, com guitarras mais soltas.




Em "Street Fires"  e em "Induction" aparecem uns Patterns mais indie, mais marcantes, mais ritmados. Chegamos ao sitio onde a bateria ganha mais expressão, as guitarras ficam mais inquietas e o crescendo é brilhante. em "Induction" aparece-nos ainda um lado mais trash, mais ruidoso (menos límpido se quisermos ser mais precisos), mas uma voz mais calma, mais em jeito pop e muito menos característica.



Depois disto o que falta ainda dizer? 

Que, depois de ouvir Walking Lines vezes sem conta, não há padrões seguros nos Patterns. (Facto.) 

Que o som que sai deste álbum é fresco e novo, apesar delas influências todas que facilmente lhes podemos notar. (Facto também.)

Que nem sempre o analógico ganha ao digital (apesar de eu normalmente achar que sim.). E que, afinal, o rock pode sair das teclas de um computador (como eles aqui nos comprovam tão bem) e não tem que vir sempre da rudeza das cordas das guitarras do estúdio. 

E que os sons que fazem musica podem voar. Livre.


Isto sim, de forma muito reduzida, são, para mim, são os Patterns. E eu? Eu aconselho.

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.