Sejam bem-vindos ao mundo dos Bwani Junction
Num universo de nevoeiro, castelos, lagos e carneiros com pelo até ao chão, e tipos de saia (como normalmente imaginamos os escoceses), acontecem, desde há muitos anos, muitas agradáveis surpresas musicais no que diz respeito ao rock. Digo eu. E dizem vocês também se se lembrarem dos Franz Ferdinand, dos Mogwai, dos Fratellis ou de tantos outros.
Assim, não foi com muito espanto que descobri que os Bwani Junction eram de lá. E que faziam música mesmo boa como podemos comprovar com este Tongue of Bombie, o segundo álbum da banda.
Começo então por falar em "Papa Candy" que abre o disco, e nos faz, desde logo, reparar na emblemática voz de Rory Fairweather. As linhas de baixo guiam-nos por um caminho muito interessante e as guitarras ajudam à festa. Há um espírito remanescente do "antigo indie", daquele mais primário dos Supergrass, aqui reinventado com novas influências que vão da música celta ao afro- beat, inquieto mas ao mesmo tempo contido. O mesmo acontece em "No Echo" e em "Years of Sleep", ainda que na primeira de uma forma mais marcante e mais dark, e na segunda com um domínio perfeito da bateria e uma extrema consistência das mensagens presentes na letra.
Em "Caveman" aparece-nos uma faceta menos purista de rock, e notam-se mais as influências de que já falei. Os momentos que se criam aqui com os crescendos e as harmonias da voz de Fairweather e as letras que são consistentemente bem conseguidas levam-nos para um sitio bom, onde o álbum não quer parar de tocar, até porque nós não deixamos. Os solos de guitarra dão a personalidade que se espera à musica e a explosão do refrão põe-nos a cantar com eles: "...I wanna Be a caveman, carry You to a promissed land...". Podemos relacionar o som deste "Caveman" com o de "Auctioneer" onde a bateria marca toda a musica de uma forma extraordinária, e com "Neighbourhood Watch" com um inicio quase em modo reggae que explode em modo rock e nos faz querer cantar, outra vez.
Uma das minhas musicas preferidas de Tongue of Bombie e talvez a musica que me fez reparar nos Bwani Junction é "Civil War" com um som mais ao estilo dos Vampire Weekend, que tal como "Borneo" me remetem para um universo mais alegre que se desconstrói nas letras.
Aparece-nos depois "Jawbone Walk", mais doce, com um espírito mais solto e mais urbano, muito misturado com ritmos de outros sítios e que, no fundo podem ser qualquer lugar. O mesmo acontece com "Tongue of Bombie", a musica que dá nome ao álbum, e que quase que nos leva a universos como o dos Foals ou o dos Maccabees, com uma melodia que nos aparece trabalhada quase como se fosse uma renda, e a tal inquietação que lhes é característica, mas contida, quase que como se não se pudesse revelar.
"All The Same Tricks" e "Cold Caller" finalizam o álbum, como se fossem as ultimas palavras, tocadas de forma doce e macia, de forma muito mais intima e harmoniosa (e porque não dizer, precisa?).
E mesmo quando tocam músicas que não são deles, os Bwani Junction no fundo são isto : uma mistura de sons e harmonias que nós levam a passear a muitas referências e inquietações, e que são novos, com muito caminho pela frente, com coisas novas e que ainda não estão batidas e cansadas. Uma banda cheia de coisas novas, uma banda das que fica no iPod e toca. Porque não me parece, infelizmente, que alguém tenha a esperteza de os trazer cá para eles tocarem para nós em vez ficarem só a morar iPod.
Sem comentários: