Breves Notas: o Fado e a Gisela João
Não me sinto capaz de escrever sobre Fado. Não sei bem porquê. Ou melhor, sei. Mais do que todos os outros estilos de música, mexe demasiado comigo. É nosso, faz parte de todos nós - goste-se ou não. É emoção genuína, é sentimento sentido (e muitas vezes sofrido). Daí talvez a melancolia, ou a nostalgia.
Diz que o Fado é sobretudo tristeza, mas o de hoje, desta nova geração de artistas, não tem tanto disso. É mais alegre, sem perder sentimento, conforta sem dor, e puxa pelas palmas.
E o melhor exemplo que tenho - e único, para já - é o do concerto (quase esgotado) da Gisela João no CCB, no passado dia 25 de Janeiro. Não tenho o hábito de assistir a concertos de Fado em sala. Gosto mais da experiência "casa de fados", em que gente desconhecida nos provoca arrepios e nos deslumbra.
Mas, e há sempre um mas, há espectáculos que não se podem perder. E este era um deles. (o outro é o concerto de Ana Moura & António Zambujo no dia 19 de Março, para o qual já temos bilhetes :)).
Posso dizer-vos que foi muito bom. Um equilíbrio fantástico entre a postura de menina e a voz adulta que nos arrepia a espinha. A simplicidade, a interacção com o público que faz transparecer o nervosismo, mas que se esfuma assim que se ouvem os primeiros acordes dos músicos. A força, a segurança, a (cada vez maior) confiança.
O sentimento. As lágrimas no canto do olho - da artista, e de quem assistia, porque nem sempre as podemos evitar. Temas como "Madrugada Sem Sono", "Primavera Triste" e sobretudo "Meu Amigo Está Longe", que nos toca a todos, deixam-me sempre com as emoções à flor da pele... "Mariquinhas", "Malhões e Vira" e "Antigamente" chamam pelo bailarico e dão vontade de bater o pé.
Como em qualquer outro concerto de outro artista ou banda. E isso deixa-me com uma certeza. Qualquer que seja o idioma, o estilo, o ritmo, a música será sempre uma questão de emoção.
nota final: continuo sem saber se o Fado me entristece. Ou se me conforta. Mas não me interessa. há momentos em que me sabe bem ouvi-lo...
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