A consagração dos Ornatos Violeta

Há muito que esperava por este momento. Ver (e ouvir) os Ornatos Violeta ao vivo, ali, tão perto era algo que ainda não tinha conseguido concretizar. Ontem foi o dia.

A ansiedade era enorme. Só pensava que era uma privilegiada por poder assistir a algo que seria no mínimo memorável. E foi. Usando as palavras do meu primo, o Coliseu dos Recreios foi mágico. Poucas horas depois, ainda é a melhor palavra para resumir a noite de ontem. Porque às vezes não conseguimos encontrar as palavras certas. Porque a euforia nos domina, porque a emoção é demasiada.

E como não poderia ser? 34 canções, 3 encores, duas horas e meia de entrega e de prazer recíproco. Um concerto fabuloso, emocionado, genuíno, arrepiante, poderoso. Uma intensidade irrepreensível.

Poderiam ter tocado qualquer coisa que seriam sempre aplaudidos de pé. Poderiam ter apenas tocado e dito umas simples palavras de agradecimento e teria sido um grande concerto. Mas foi muito mais do que isso. Foi um momento de celebração. De comunhão. De honestidade.

Manel Cruz e companhia levaram-me numa viagem ao passado, de volta à minha adolescência, ao som das canções de “O Monstro Precisa de Amigos” – que tão bem me acompanharam nos primeiros anos da faculdade - e de “Cão” (que, confesso, só descobri mais tarde). E a urgência – que a Chavininha tanto aprecia – com que interpretaram as suas canções é a mesma de há 10 ou 20 anos. Como se disso dependessem as suas vidas, o seu equilíbrio.




Foi um alinhamento de sonho. Os êxitos, as raridades, os inéditos, as micro-canções de “Cão”. A energia contagiante de "O.M.E.M" e de "Punk Moda Funk". A verdade de "O Amor É Isto", a simplicidade e a sinceridade de "A Metros de Si" e de "Tempo de Nascer". A explosiva "Pára-me Agora" (que eu achava uma canção assim-assim quando a ouvia na rádio). A saudade, a pele de galinha, a emoção – sempre a emoção.

Não, desta vez não chorei. Mas andei lá perto. Assim que eles entraram em palco. Quando ouvi os primeiros acordes de “Chaga”. Quando começaram a tocar a “Mata-me Outra Vez”. E a  “Ouvi Dizer”. E, claro, a “Capitão Romance”.

Mas o maior arrepio? quando o Manel Cruz entoa as primeiras palavras de “Deixa Morrer”, uma das maiores canções de ”O Monstro Precisa de Amigos” e um dos momentos mais altos da noite. Porque “estão vivos outra vez / é tão bom de ouvir (...) até o nosso amor morrer”.

Os anos passam, outros projetos nascem, mas o entusiasmo, a simbiose, a alegria, a harmonia entre os elementos da banda parecem – e acreditamos que serão mesmo – os de outros tempos. Como se eles tivessem sido feitos uns para os outros.

"Chegámos ao fim da canção / E paro um pouco pra dormir"
(Ornatos Violeta, em "Fim da Canção)

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