O lado B de Paul Banks

Fãs dos Interpol: Paul Banks, o vocalista, lançou há dias o seu segundo álbum a solo, desta vez em nome próprio (o anterior foi lançado sob o nome "Julian Plenti").

Para mim, que até gosto muito dos Interpol, foi um choque a sonoridade deste "Banks".  Mas no bom sentido. Quando oiço a música dos Interpol, penso logo em fatos escuros, numa mistura de sons pesados, um registo mais grave, uma disposição melancólica, mais negra.

Não encontramos quase nada disso neste trabalho a solo. "Banks" tem muito mais de verão que de inverno. Tem ritmo, tem groove, é positivo, por vezes electrónico, mais animado, como se Paul Banks tivesse sido revitalizado.

"The Base" é um tema de abertura perfeito, para nos fazer sentir o quão diferente está neste projeto. Um ritmo que nos envolve e que nos faz despertar para a melodia que existe na voz de Paul Banks, muitas vezes despercebida nos temas mais ásperos dos Interpol.

"Over My Shoulder" obriga-nos a bater o pé ao ritmo da bateria, enquanto que "I'll Sue You" é quase uma love song. E "No Mistakes" é uma das melhores canções de "Banks". Não só porque os acordes iniciais nos fazem lembrar a sua banda de sempre - o que é meio caminho andado para ser um grande tema - mas porque a letra tem o seu quê de hino à esperança - “One of these days they’ll destroy this whole fucking town // I don't know what will happen next but I'll wait for you".

A fechar, "Summertime is Coming", algo deslocado da época, mas que mesmo assim puxa pela nossa energia, que nos dá vontade de sair à rua, de aproveitar o dia, seguindo as instruções serenas de Paul Banks.

Um disco para colorir os dias cinzentos que se aproximam.

“You only hold me like the canyon holds the stream”
(Paul Banks, em "Over My Shoulder")