Budda Power Blues, os mestres no improviso

Foi num fim de tarde simpático de sexta-feira que fiquei finalmente a conhecer os Budda Power Blues. Depois de meses a ouvir falar neles, cortesia da Chavininha, as expectativas estavam no mínimo elevadíssimas. Grande responsabilidade, portanto...

Chegámos já o concerto tinha comecado, ao som do q parecia o "Verdes Anos". Felizmente, não era, e fomos presenteados mais tarde com o tema mítico de Carlos Paredes. E se o original é mágico, o que dizer da versão dos Budda Power Blues? Simplesmente arrepiante. O suficiente para nos arrancar uma lágrima - ou várias - de emoção.

Emoção que continua com a interpretação de "Proud Mary", que ao início faz-nos pensar num Dwight Hendricks da série Memphis Beat. De repente, um crescendo brutal, uma explosão que até "obriga" ao pézinho de danca de alguns elementos idosos do público!

 

Se nos primeiros temas, percebemos a mestria individual dos elementos do grupo, nos temas seguintes transparece a comunhão, a experiência, a sintonia, a ligação entre eles. E é isso que faz toda a diferença. É impossível não gostar deles, da sua música, e sobretudo do toque pessoal que dão aos temas que interpretam. A energia, a paixão, e porque não a boa disposição, a alegria? Quando se assiste a um concerto de gente que adora o que faz, isso contagia-se e so quem não tem alma é que pode ficar indiferente.

O improviso é a marca deste concerto, ao jeito dos grandes mestres dos Blues. Os Budda Power Blues levaram-me a New Orleans por pouco mais de uma hora e que bom que foi! Desde a "battle" entre o baixo e a guitarra - de onde saiu o genérico de "O Justiceiro", a um final de concerto bombástico. Com um glorioso mashup do "Whole Lotta Love" dos Led Zeppelin e "I Just Wanna Make Love To You"! E um "Everyday I Have The Blues" que acreditamos que é perfeita e genuinamente sentido.

Fiquei fã dos Budda Power Blues e mal posso esperar por vê-los e ouvi-los de novo. De preferência numa sala perto de mim.