Ao terceiro disco, os The Drums dizem adeus ao sol e ao surf
Os The Drums regressaram este ano com "Encyclopedia", um difícil terceiro álbum.
Difícil porque, à semelhança do que aconteceu com outras bandas - parece que é uma tendência nos últimos tempos - também estes se viram privados de um dos seus membros fundadores, o baterista Connor Hanwick.
E isso reflecte-se, e muito, no som.
No caso dos The Drums, aquela sonoridade fresca e vibrante, a cheirar a verão, sol e surf deu lugar a algo menos colorido, menos efusivo, e, também, sem chama.
Há excepções.
"I Hope Time Doesn't Change Him" tem guitarras, "palmas" e teclas a unirem-se num ritmo que dá vontade de acompanhar com o bater do pé.
E "Kiss Me Again", também com um ritmo contagiante e que vai crescendo a cada acorde, com as teclas e as guitarras a criarem um ambiente «juicy».
Ou "Break My Heart", que pode muito bem ser a «balada» do disco.
Tem estilo, a voz de Jonathan Pierce soa sedutora q.b. sobretudo no refrão - o que é de louvar tendo em conta que se fala de solidão...
E tem um baixo delicioso.
O resto?
Bem, o resto tem ritmo e melodias simpáticas, sim, mas sinto sempre que perdem força no momento exacto onde deveriam explodir, como por exemplo no refrão de "There Is Nothing Left".
O tom de voz é meio sombrio, meio tristonho e eu confesso que por vezes me soa algo desligado do resto.
E é por isso que o disco não me convence.
Achar piada a três canções em doze que compõem este "Encyclopedia" não é bom sinal.
Jonathan Pierce fala de tristeza e de solidão, mas as canções não são de tempo cinzento.
Infelizmente, apesar do ritmo imposto pelas guitarras e pela bateria, também não chegam a ser de verão.
Eu gosto dos The Drums de início de carreira. Mas a estes, falta-lhes aquela energia que nos arranca do sofá.
E nos põe a dançar e a pular como se não houvesse amanhã.
«I thought that we were important
But we don't matter at all
At all»
(The Drums, em "There Is Nothing Left")
Sem comentários: