O Livro das Viagens de George Ezra

Pois é, para quem tem andado mais atento ao que eu digo, falar em George Ezra, já não é propriamente uma novidade.

Eu confesso que não foi propriamente difícil apaixonar-me pela voz dele logo desde a primeira vez que o ouvi, algures no fim do ano passado. 
Daí que, Ezra, tenha sido uma das minhas apostas para 2014, como eu disse aqui
(E tenho também que confessar que me dá um certo gozo chegar a Outubro e achar que George Ezra passou de uma promessa a uma confirmação. Especialmente de cada vez que toca "Wanted on Voyage" o primeiro disco do miúdo.)




Começo por falar de uma das músicas que mais tocou durante o meu verão, especialmente no carro, assim quando ia em modo "roadtrip" seja para onde fosse, "Blame It On Me", a música que abre Wanted on Voyage e que acaba sempre por me dar logo aquela sensação de que "ali há qualquer coisa que vai correr mesmo muito bem", quer pela propria melodia quer pela letra, que são catchy o suficiente (mas que não chegam nunca ao enjoativo) quer pela propria voz de Ezra, (de que não me vou cansar de falar...) 




"Budapest" (uma das primeiras músicas a sair como single, muito antes do album) e "Barcelona" (que veio com o album) tem algo em comum: são canções de amor. De um amor de um miúdo de 18 anos, é verdade, mas o que importa se são leves e bem dispostas em vez de sérias e aborrecidas? Ao mesmo tempo, captam a essência das cidades que lhes dão o nome e acabam por ser
 odes de amor ás mesmas, disfarçadas em estórias de amor, tendo sempre em comum a voz de Ezra, que nos conquista sempre que a ouvimos, não interessa se uma se vinte vezes.



Mas nem todas as musicas tem a toada mais levezinha de "Budapest" ou "Barcelona", é um facto. 
Se ouvirmos "Listen to the Man", "Drawing Board" ou "Over the Creek", ficamos com uma outra ideia daquilo que Ezra pode fazer: com a voz, e com as melodias da sua guitarra, e que nos dão ideias diferentes daquilo que traz a bagagem de Wanted on Voyage. 
Isto para já não falar na mítica "Cassy O'" que já se ouvia antes do disco e que, claro, também aparece aqui. 
Ou mesmo em "Stand By Your Gun" (que me lembra sempre Cindy Lauper e o seu "Girls Just Wanna Have Fun"), "Da Vinci Riot Police" ou em "Leaving it Up To You", que é uma das minhas preferidas, especialmente por causa da cadencia da propria melodia.




Até que chegamos ao que, para mim, é um dos momentos mais grandiosos do álbum (e, porque não? do próprio Ezra), "Did You Hear The Rain?" é "A" musica. 
Embora apareça no álbum com uma nova roupagem, e eu continue a gostar mais da versão do single, confesso. 
Mas nem me vou alongar muito a falar sobre ela porque, já falei nisso em Janeiro. 
E, a verdade é que, continuo a achar exactamente a mesma coisa que achava nessa altura. 
Sobre a música e sobre o próprio musico. 
Sempre achei que Ezra ia ser muito mais do que um "one hit wonder", o que, para mim agora é muito mais do que uma certeza, é uma realidade.  



Chegamos às "canções (só) de amor", como "Breakaway" e "It's Just My Skin", musicas mais intimistas e pessoais, de voz e guitarra, cantadas com alma, mas sem nenhuma dose de pretensão, sendo sempre é só aquilo que são, o que também acontece em "Spectacular Rival" de forma mais "dark" e mais densa, com a voz de Ezra aqui a fazer par com a musica e com o próprio tema da musica em si. 

"Blind Man In Amsterdam", por outro lado, traz nos um Ezra muito mais na onda Bob Dylan, mas sem nunca ser pastiche, e aqui era demasiado fácil sê-lo, para dizer a verdade. 




Outro dos melhores momentos de Wanted on Voyage é "Song 6 (Watching Paint Dry)" que toca no carro incessantemente, especialmente ao por do sol, e que me faz sempre perceber que o folk, quando é lamechas, também pode ser assim tão bom.




Diz se por  que eu não sou do folk. 
E eu digo e repito: eu sou do folk, se o folk for muito bom, como o dos Pogues, dos Beirut ou de Devendra Banhart, por exemplo. (Ja deixar de fora todos os clássicos, que até acabam por me ser os mais próximos.)  
Daquelas miscelâneas mais comerciais e enjoativas marcadas pelos seus "sucessos de uma música so"(como os Lumineers ou os Monsters and Man e seus sucedâneos, por exemplo) eu não gosto. 

Agora aqui, com George Ezra, estamos perante um folk despretensioso e divertido, e, ás vezes mais sério também. Musica feita para ser só o que é, com uma linguagem muito própria, que se distingue de todas as outras coisas. 
E deste folk eu gosto. 


Claro que podia deixar de fora aquela parte de ele ser um "man with guitar" (e de isso, normalmente, não me convencer) ou de ele ser inglês (e de isso lhe dar pontos por si só), ou mesmo a parte em que, inevitavelmente, e por causa do seu som, o temos que (ainda que muitas vezes inconscientemente) comparar a Bob Dylan ou a Woody Guthrie por causa do seu género folk, mas a mim, o que mais me prende a Ezra é o seu tom de voz grave e meio bluesy
E isso, faz aqui uma grande diferença.



Continuo a ser uma daquelas pessoas que aposta no talento de George Ezra.
Facto. 
E aguardo agora por novidades quanto a este assunto, mas, sinceramente, não me parece que ele me vá decepcionar. Vamos a ver.

"... since you're gone I've been watching paint dry..." em Song 6.

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