Lykke Li e a dor da separação

Já deveria ter falado sobre o terceiro disco de Lykke Li, "I Never Learn" há algum tempo (é que o disco saiu em Maio...).
Mas ainda não tinha encontrado o momento certo para o escutar. Caso não saibam, é um disco de baladas pós-separação.
E, como tal, as canções são sofridas, e ao mesmo tempo reconfortantes.
Mas nem sempre encaixam nos nossos ouvidos se não estivermos para aí virados.

Foi preciso um fim-de-semana de recobro para me debruçar sobre este terceiro capítulo da trilogia de Lykke Li (depois de "Youth Novels" (2008) e de "Wounded Rhymes" (2011)) sobre «uma mulher nos seus vinte anos à procura do amor e também, da sua identidade», como ela própria referiu.




"I Never Learn" são, como já disse, baladas fortes, com letras que, num ou noutro momento, nos tocam a todos, sobre a culpa, a vergonha, a dor, o orgulho.
Como se escrevê-las, e ouvi-las, fizesse parte da cura para um coração partido.
E se o primeiro disco nos fez vê-la como uma artista pop - lembram-se de "Dance, Dance, Dance", "I'm Good, I'm Gone" e "I Follow Rivers"? - este mostra-nos o seu outro lado, a cantautora.

Pouco ou nada tem a ver com os seus predecessores.
É a voz sofrida e emotiva de Lykke Li que sobressai.
É tudo muito mais intimista, mais cru.




A canção de abertura "I Never Learn" é bonita, a mostrar-nos mais uma vez que os suecos não perderam o jeito de fazer canções completas. O início, a entrada vocal de Lykke Li, a letra, a orquestração.
A melodia brilhante de "No Rest For The Wicked", que foi um dos temas que colou logo, tem um ambiente «gótico-romântico» que lhe confere uma aura mágica.
E a batida pop de "Gunshot", mesmo na versão acústica, é deliciosa, sobretudo no momento do refrão que teima em me transportar para as canções pop-rock dos anos 80 e 90.




As melodias são algo de fabuloso neste disco, mas a interpretação de Lykke Li não desilude. A fragilidade na sua voz é perfeita para o sentimento de abandono em "Love Me Like I'm Not Made Of Stone" ou o desespero em "Never Gonna Love Again".
E em "Sleeping Alone" soa doce, no seu «conformismo» de que o amor às vezes também tem um fim.




"I Never Learn" é um disco sobre separação.
E todos os sentimentos bons e menos bons que dela advêm.
É um disco melancólico, triste, introvertido.
É terno quanto baste, mas sofrido (por vezes até angustiante).

E eu só espero que, ao escrever sobre a sua dor e ao partilhá-la com o mundo, Lykke Li consiga libertar-se dela e encontrar alguma luz.
Para que o próximo disco seja mais alegre.


«there'll be no rest for the wicked
there's no song for the choir
there's no home for the weary
if you let them win without a fight»

(Lykke Li, em "No Rest For The Wicked")

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