"Forest & Flames", o EP de estreia dos Quiet Brother para descobrir em tempos de quarentena


Em tempos de reclusão semi-forçada, sabe sempre bem descomprimir ao som de músicas animadas. Mas, de vez em quando, a minha alma pede algo mais tranquilo e dou por mim a ouvir coisas mais calmas, que me apaziguem o espírito.
Uma dessa coisas é "Forest & Flames", o EP de estreia dos Quiet Brother, trio indie folk de Harrisburg na Pensilvânia, composto por Nate Rider, Jake Bair e Andrew Galuppo.

Não foi amor à primeira escuta, longe disso. Aliás, a primeira vez que os ouvi, com "Time Gone By" e "Running" (os primeiros singles), achei que lhes faltava qualquer coisa; que as suas canções, apesar de simpáticas, podiam ser muito mais intensas.
Felizmente, os rapazes refizeram-nas, acrescentando novos instrumentos e harmonias, e o resultado foi muito mais interessante.


"Running" é a canção que abre o EP. De ambiente vibrante, emociona-me sempre, com a sua linha de guitarra delicada, o crescendo instrumental, a honestidade e intenção em cada nota. A performance vocal é absolutamente irrepreensível e há qualquer coisa de arrebatador e aconchegante naquele final. É seguramente uma das minhas favoritas.
Tal como "Wildfire". O refrão arrepia sempre que o ouço, não sei bem explicar porquê. Talvez seja devido à sua força, que se sente em cada palavra e em cada acorde. Talvez seja porque as letras são pessoais, relatando as dores de crescimento com que todos nos identificamos. Ou talvez seja pela orquestração cheia e densa que me enche o coração de cada vez que toca.

"Time Gone By" soa mais clean, mas não menos dócil. A linha de guitarra, suportada preciosamente pelos restantes instrumentos, soa suave e parece querer abraçar-nos. Notei influências de Bon Iver, sobretudo do segundo disco, e o mesmo aconteceu com "Daisies", sobretudo por causa da distorção nas vozes (tenho sempre alguma dificuldade com isso...). A melodia encontra brilho na linha de guitarra e conforto nas teclas. A banda tem orgulho nesta, claro, é a mais experimental e a que lhes terá dado mais gozo gravar.

A fechar, chega a maravilhosa "When The Sun Sets", uma canção mais folk, cheia de charme e calorosa. Começa num registo mais acústico com as vozes em primeiro plano, e fico com a certeza que eles têm a emoção na voz. A meio, ganha uma força tremenda que me faz sorrir sempre, terminando da forma como começou, delicada e vulnerável.

"Forest & Flames" é um disco emotivo e reconfortante, que, para mim, termina com uma nota de esperança no futuro. Sempre que acabo de o escutar, é com esse sentimento que fico, o que me dá ânimo para o que ainda está para vir. Por isso, parece-me perfeito para ouvir naqueles dias em que nos sentimos mais cinzentos e inquietos, e em que precisamos de algum alento.

Sem comentários:

Imagens de temas por merrymoonmary. Com tecnologia do Blogger.