Disco do Dia: "The Secret Of Letting Go, LAMB


Hoje é dia de voltarmos a uma das bandas da minha vida, os LAMB e ao seu mais recente disco "The Secret Of Letting Go". Quem nos acompanha, já sabe que quase nada do que eles criam me parece mau. E este disco não é excepção, embora, à primeira escuta, não tenha ficado muito impressionada. Foi sobretudo em segunda e terceira audição que a coisa melhorou. Porque, como em tudo o que eles têm feito, a magia dos LAMB está, para mim, nos detalhes.

E começo já pelo menos bom. Ainda tenho alguma dificuldade em ouvir "Moonshine". Até gosto do ritmo, da melodia e da voz colocada de Lou Rhodes. Mas não sou particularmente fã da participação de Cian Finn, que, na minha opinião, torna a canção mais «urbana» do que eu gostaria.


Já "Armageddon Waits", que tem um vídeo incrível, é mais à minha medida. É uma canção cheia de power e de boas energias. Adoro os arranjos da melodia, a parafernália de instrumentos e de layers, e a secção de cordas cinematográfica, que, para mim, é um dos melhores momentos. E, claro, a voz de Lou soa tão bonita, como sempre.

Antes, a delicadeza de "Phosphorous" envolve-me num ambiente descontraído, em comunhão com a Natureza, algo que se torna transversal à maioria das canções do disco. Como, por exemplo, em "The Other Shore". A voz de Lou é reconfortante, tenho-o dito inúmeras vezes, e por isso, quase tudo o que ela canta soa a uma canção de embalar. A melodia é relaxante, um momento de paz na loucura diária. O refrão também ajuda ao ambiente, e poderia até ser uma espécie de «mantra», a adoptar no dia-a-dia.


«stop one moment, all is gold»

A faceta mais electrónica chega com "Bulletproof" (outra das «urbanas») e "Deep Delirium", o instrumental da praxe, em que a mestria de Andy Barlow é (mais uma vez) revelada. É uma canção cheia de ritmo como sempre, de beats que mexem connosco, e que nos despertam os sentidos.


A secção de cordas continua a ser uma constante nas canções dos LAMB, e é aquilo que mais me emociona.
"The Secret Of Letting Go" pode, ao início, soar mecânica, robótica por vezes, mas ganha toda uma outra estrutura quando se ouvem os violinos, lá mais para o fim. São absolutamente avassaladores, tal como os de "Imperial Measures", que aparecem no pré-refrão e é algo tão bonito. Um elemento quase orquestral, numa canção sobre o poder das palavras (ou será do Silêncio?).

"The Silence In Between" é uma das minhas preferidas, uma canção quente, aconchegante, com a secção de cordas tão bonita, a sobressair, outra vez. A voz delicada de Lou e a melodia prodigiosa de Andy ao piano são simplesmente incríveis. É instrospectiva q.b., para nos pôr a pensar no poder do silêncio, para que consigamos escutar o que se passa à nossa volta.



«can you hear the silence in between»

"Illumina" foi o primeiro avanço, quando mal se sabia de disco novo, num registo electrónico, e com a voz de Rhodes a ecoar em modo angelical. É, para mim, uma canção pelo amor, pela comunhão, em como um pode ser a luz do outro em perfeita harmonia. E a fechar, "One Hand Clapping" apresenta-se com uma daquelas melodias que conforta, que nos aquecem a alma, onde destaco sobretudo o sintetizador em cadência, os violinos, claro, e em que se pede novamente a ligação a tudo o que nos rodeia.


"The Secret Of Letting Go" é um disco pouco ou nada imediato, não tem canções orelhudas por aí além nem temas marcantes. É sobretudo relaxante, apaziguador, introspectivo, um lugar para nos refugiarmos. É um disco agradável, sem ser avassalador,  delicado, sem grandes «aventuras» sonoras, mas com boas energias.
A voz de Lou Rhodes continua a soar incrível e os arranjos de Andy Barlow tão ou mais experimentais, mas está mais do que na hora de assumir que os LAMB do primeiro disco já não estão connosco. É uma pena, é certo, mas eu continuo a gostar muito deles. E, no fundo, para mim, é isso que interessa.

«the secret of letting go is forgetting to hold on»

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