Um breve resumo da tarde do segundo dia de Nos Primavera Sound
Num segundo dia, pós depressão Miguel, e cheio de sol, regressei ao Parque para o que se adivinhava ser uma tarde (e início de noite) de muito boa música. E, mais uma vez, o NOS Primavera Sound não desiludiu.
Numa edição que está a ser marcada por um cartaz mais abrangente, o que me aconteceu foi que, muito convenientemente, todas as coisas que eu queria ver neste segundo dia ficaram escalonadas para a tarde e início de noite, dando-me hipótese de desfrutar do que de melhor tem este festival: um recinto verde, com relva, muito bem cuidado, com pessoas ordeiras e bem dispostas, que estão lá para ouvir música.
Assim, cheguei ao Parque para ver a magnífica Aldous Harding, com a sua toada meio retro e aquela voz mais do que marcante, que deu um concerto mais do que bonito, enquanto o sol brilhava com toda a sua força e fazia frente ao vento frio que é característico do Porto. Aldous brilhou quase tanto como o sol e deixou-me à espera de mais, como deve ser.
Depois rumámos ao recente palco Pull&Bear para a surpresa da tarde: a maravilhosa Nubya Garcia, com o seu saxofone, que nos acompanhou num momento mágico de fim de tarde, daqueles que acontecem muito de vez em quando, e que me encantou tanto como o tinham feito os BadBadNotGood em Paredes de Coura há uns anos.
Nubya ofereceu-nos um momento mágico que serviu quase para nos limpar o palato para o que viria depois, quando fomos ver Courtney Barnett ao palco NOS.
Barnett, de regresso ao NOS Primavera Sound, trouxe-nos um concerto muito bonito para um fim de tarde ainda mais bonito. Ainda há poucas coisas que eu goste mais do que sentir o tal rock n' roll no Parque, e, este ano, a coisa estava difícil de acontecer. Mas Barnett, muito senhora do seu nariz, com o seu som descomprometido e muito "na boa" fez isso de uma forma mesmo muito descomplicada e que me soube mesmo bem.
Não ficamos até ao fim, porque tínhamos que passar pelo palco Pull & Bear de novo para ouvir o que restava do concerto dos maravilhosos Sons of Kemet em versão XL. Se por acaso não conhecem o trabalho deles, vão ouvir. Porque há poucas coisas tão bem feitas como esta, muito menos num outro festival que não este.
Os Sons of Kemet vieram tocar o seu mais recente álbum "Your Queen is a Reptile", fizeram a festa, e, daquilo que consegui ver, deram um dos concertos mais memoráveis desta edição.
Era então tempo de rumar ao palco Seat para ver uma das minhas escolhas deste cartaz: Mura Masa. Mas, como havia problemas no radar do aeroporto do Porto - começo a achar que o festival está sob um qualquer feitiço ou que está qualquer coisa a torcer para que não aconteça... primeiro a depressão Miguel, depois o trânsito medonho provocado pelo futebol e agora o radar do aeroporto??? - o avião de Mura Masa não conseguiu aterrar (o dele e o de mais não sei quantos artistas que foram cancelando ao longo da tarde do primeiro e do segundo dias...) o que fez com que regressássemos a casa mais cedo.
Uma coisa era certa: não íamos ficar para Interpol (que me aborrecem), menos ainda para James Blake (se ao fim de 3 tentativas de perceber a sua importância em concerto, a coisa não se deu, não ia ser agora...), e não seria com certeza J Balvin a conseguir a proeza de me fazer ficar. Não havendo Mura Masa viemos para casa.
Tempo para descansar bem até porque hoje a coisa promete: Lucy Dacus, Jorge Ben Jor, Neneh Cherry, Amyl and the Sniffers e a rainha Erykah Badu esperam por nós no Parque.
Mesmo que o sol esteja tímido. E mesmo que haja mais vida cá fora. Espero só que o radar já esteja bom e que não chova. Mas sobre isso falaremos amanhã.
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