Concertinices sobre discos, edição 2019 (I)
Como já devem ter reparado, andamos (muito) mais atarefadas este ano e a minha investida pelos álbuns novos anda meio adormecida. A solução foi mais uma edição de "concertinices sobre discos" em duas partes (uma para cada semestre), que incluem os discos cujos textos foram sendo adiados, mas sobre os quais tinha mesmo de falar.
Foi um dos primeiros discos do ano (em todos os sentidos) e tem rodado com alguma insistência cá em casa desde então. É coeso, com canções cativantes, uma performance vocal de Sharon absolutamente impressionante, e instrumentais que me entusiasmaram e surpreenderam. Destaco as incríveis "No One's Easy to Love", "Comeback Kid", "Seventeen" (que entretanto ganhou toda uma outra roupagem com a colaboração de Norah Jones - podem ver aqui), "I Told You Everything", "Jupiter 4" e "Hands". Nada aborrecido aos meus ouvidos, entrou directamente para a minha lista de discos de 2019.
Consta que é um excelente álbum, mas para os meus ouvidos é só "assim-assim". Não colou, apesar das inúmeras tentativas (e foram muitas). Não consigo achar graça às canções mais calmas, que me soam sempre iguais e «antigas», não me despertando qualquer emoção. No geral, parece-me muito «bonitinho» e polido, mas nota positiva para "Harmony Hall" e "This Life", mais próximas dos Vampire Weekend que eu acho mesmo fixes.
Descobri-os com "Dig", tema incontornável da minha playlist de canções preferidas do ano, e não hesitei em ouvir o álbum quando saiu. Não me desiludiu, longe disso. "Between The Lines" é um disco de canções bonitas e intensas, com melodias grandiosas que vão crescendo a cada escuta e uma voz incrível que encaixa perfeitamente nos meus ouvidos. Para além disso, há letras poéticas e influências notórias da música tradicional e popular irlandesa. Canções como "Blink of an Eye", "You I Know", "Between The Lines", "Symmetry" ou "How Long" transmitem-me boas vibrações e energia positiva. Embalam-me, aquecem o meu coração e alimentam a minha alma. E não será assim que a Música nos deve fazer sentir?
Ao quarto disco, os Two Door Cinema Club estão (ainda) mais dance pop do que indie rock. E isso chateia-me. "False Alarm" soa-me demasiado a sintetizadores e beats, que é bem bom para pôr a tocar em festas de arromba e na pista de dança de um qualquer espaço nocturno da cidade. Cá em casa, é que não resulta muito bem. "So Many People" é a canção que ficou, com o seu groove maroto que se entranha nos ossos, mesmo simpática para cantar no duche e no carro a caminho do trabalho.
Já não os ouvia desde "Turn Blue", disco de 2014 que não me marcou por aí além. Com este, estão um pouco mais longe desse registo e mais perto daquilo que eu gosto. Começa de forma intempestiva com o rock barulhento de "Shine A Little Light", com "Early Birds" que poderia ter feito parte de "Brothers" (aquele que para mim ainda é O disco dos The Black Keys) e "Lo/Hi" a recordar-me a voz tão característica de Dan Auerbach. As guitarras soam estridentes, e quando se aproximam do garage blues rock são imbatíveis. Mas a maioria das canções soa a rock mais clássico com uns pózinhos de beach rock, e a coisa não me entusiasma. O disco não é mau, ouve-se. É bem melhor que o anterior, mas, para mim, não chega aos calcanhares de "Brothers" ou de "El Camino".
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