Disco do Dia: "Low Tide", Somehow

O disco do dia de hoje é "Low Tide" de Somehow, projecto do francês Erwan Pépiot, que vos dei a conhecer há algum tempo atrás com "While The Days Go By" (ler aqui). Quando soube que havia novo disco na calha, não pude deixar de me sentir entusiasmada.
É música que soa mesmo bem aos meus ouvidos, com guitarras «roqueiras», baixos que se notam perfeitamente em todas as canções, e, neste caso, duas vozes que se complementam e combinam na perfeição. De um lado, a voz de Erwan, madura, grave, especial que continua a fazer lembrar Ian Curtis (e umas poucas vezes, Morissey também); do outro, a de Aurélie, suave e delicada, que se mantém como o equilíbrio, o balanço, a luz, apresentando-se magnifica para o ambiente mais sombrio.

Em 33 minutos e 9 temas intensos, somos invadidos por um sentimento de nostalgia ao sentirmos as diversas influências (assumidas) de The Smiths, Morissey, e claro, Joy Division. É um disco de canções que se enquadram sobretudo na esfera do cold wave (para quem não sabe, é a vertente francesa do dark wave), com atmosferas melancólicas criadas pelo baixo, e do indie rock, porque a guitarra «roqueira» não sai de cena.


Acho que não há nenhuma canção no disco que não goste. Adoro particularmente a forma como as canções começam "simples" e tornam-se mais densas e encorpadas nas partes finais, constantemente em crescendo, libertando tudo à sua volta. Adoro também o facto de "Low Tide" começar logo a abrir com a frenética "The Wave", que me dá logo vontade de abanar o esqueleto sem medos. Já "Invisible Walls" é uma canção deliciosa, que me conquistou com o piano luxuoso e o baixo arrebatador.


Em "I Threw It All Away" é a guitarra que me deixa os ouvidos em sentido, tal como o seu refrão, que pede para ser cantado a plenos pulmões. É uma canção que nos vai conquistando a cada escuta, um exemplo perfeito do lado mais pop deste projecto. Eis que chega "Over The Raindrops", dramática q.b., levando-nos até aos primórdios do cold wave. O baixo é incrível e avassalador, a linha de guitarra não fica atrás, numa canção cheia de texturas que me arrebatou o coração: é sem dúvida uma das minhas preferidas.


Em "There's A Riot Coming", ouço pózinhos de The Smiths e em "Take On The Best", sinto o cheirinho a folk (confesso que adoro a última parte tão «cheia» e aguerrida). A sombria "Modern Life" recupera o espírito do cold wave, com o seu baixo absolutamente esplêndido e cativante e conquista-me com aquele refrão libertador.


"Shut Your Eyes And See" é viciante e perfeita na forma e no estilo. Continua a ser uma das minhas canções deste ano, e, pronto, não tenho muito mais a acrescentar ao que já disse anteriormente aqui. A fechar, a bonita "A Mirage Of Us", que contagia qualquer um com o seu ritmo e a sua melodia tão vibrantes.


"Low Tide" é o disco de canções com arranjos maravilhosos que nos fazem viajar até ao universo new wave dos anos 80, e que nos fazem reviver intensamente esse mesmo período. E para mim que cresci com alguns desses sons, não há nada melhor. É por isso que "Low Tide" entrou para a lista dos preferidos e Somehow é um nome que pretendo continuar a acompanhar.

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