Disco do Dia: "Begin Again", Norah Jones
O álbum novo de Norah Jones é uma compilação de 7 temas gravados no último ano, cerca de 30 minutos com coisas tão variadas, que vão do registo mais clássico ao mais experimental.
"My Heart Is Full", a primeira canção, enquadra-se nesse ultimo registo. Destaco, claro, a voz de Norah sobre uma batida dramática e intensa, que vai crescendo a cada beat. Quando se ouve «I Will Rise», a composição ganha toda uma outra força, numa toada quase electro, que se vai reduzindo novamente até ao sussurro final.
Em "Begin Again", o elemento maior é o piano, a melodia é absolutamente arrasadora. A voz de Norah é incrível, e assim o soa aqui, o registo jazzístico é tão quente. Tanto sentimento na voz e no piano - arrebatador.
"It Was You" foi amor à primeira escuta. Assim que a ouvi, senti um arrepio, aquele efeito goosepump, porque basicamente eu adoro a voz da miúda e já não me lembrava o quanto. Tão doce, tão forte, tão intensa. A melodia é absolutamente envolvente, mais uma vez com o piano a brilhar e a fazer-se acompanhar de forma irrepreensível pelo trompete. E, ainda por cima, aquele refrão é coisa para queremos cantar à pessoa amada.
O piano dá lugar à guitarra em "A Song With No Name", canção com uma linha melódica nostálgica, mas que nos abraça e conforta. Mais uma vez, a voz de Norah Jones é o elemento mais incrível, com o sentimento certo, quase como a nossa consciência. Em "Uh Oh", tudo muda. Desta vez, ouve-se um beat mais moderno, um som mais upbeat. Não é o mais tradicional, mas eu acho sempre que o tom vocal de Norah enfrenta quase tudo incólume, até estes sons estranhos e animados. Ah, e a parte final é qualquer coisa de incrível.
"Wintertime" leva-nos aos primeiros discos de Norah Jones e talvez por isso, a canção seja tão reconfortante. Há resignação, mas há esperança também, sobretudo na linha de piano, tão bonita.
Para o fim, ficou "Just A Little Bit", outra das «experimentais». Aqui, Norah conduz-nos ao lado quase electrónico do jazz e, eu assumo, não se saiu nada mal (apesar da voz algo distorcida, que me soa mais «anasalada»). Gosto particularmente da parte do refrão, talvez por se sentir mais o improviso. Não é a minha favorita mas saúdo-a por ter arriscado e saído da sua zona de conforto.
"Begin Again" é uma belíssima amostra de canções de Norah Jones que me permitiu matar saudades da sua voz. Eu sou suspeita, porque sempre gostei do seu tom, mas acho que a voz dela é tão bonita e tão envolvente, que me aquece a alma. E, aqui, em canções tão distintas entre si, com arranjos tão bons que nem os consigo caracterizar melhor, Norah deixou-se levar, a sua voz fluiu e encontrou o seu lugar.
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