"Gallipoli", (mais um disco) de Beirut


É certo e sabido que as composições de Beirut aquecem-me a alma. São melodias complexas, ricas e deliciosas, sobretudo para mim que volto sempre para o lado mais clássico da música.

"Gallipoli" não foi excepção. O registo é muito próximo daquilo a que já nos habituou.
A voz de Zach Condon continua a soar incrível, a panóplia de instrumentos são de uma harmonia irrepreensível e é quase impossível não ficar  de ouvidos deslumbrados.
A diferença para os anteriores talvez seja a «aura» do disco: é mais positiva, mais livre, um pouco menos melancólica e nostálgica.


Mas a verdade é que nem tudo é interessante neste disco. Aliás, vários temas são só «mais do mesmo». Ainda assim, vale por alguns grandes momentos de música.


Como, por exemplo, o ritmo alegre e crescente de "When I Die", que nos dá vontade de acompanhar batendo o pé ou a orquestração vintage, tradicional e incrível no início e na parte final de "Gallipoli", que me emociona sempre.
Ou por "Varieties of Exile", com a sua melodia tão envolvente, que me lembra uma canção de embalar. E que nos enche o peito de felicidade com a entrada da percussão, dando ao tema aquele brilho único.


"I Giardini" é outro dos meus momentos bons. Um ambiente cinematográfico, imagino-o como parte da banda sonora de um filme retratando o pós-guerra, simbolizando os primeiros raios de sol depois da tempestade, tal é a força que emana no refrão.


"Gauze für Zah", apesar dos seus seis minutos de duração, também me encheu as medidas, muito por causa do ritmo e da colocação da voz de Zach Condon, quase hipnotizante. A instrumental "Corfu" é outro momento alto do disco, com um som que nos desperta e nos intriga, e acompanharia na perfeição um filme de suspense.


Por fim, a «drum machine» de "Family Curse" leva-nos para um universo mais vintage, mas abre depois caminho a uma orquestra cheia de cor, e que vai crescendo a cada nota.

"Gallipoli", o disco, tem muito pouco de inovador, mas é consistente, bem produzido e com alguns momentos que nos preenchem a alma.
Pode não ficar para a história de 2019, mas é mais uma prova de que Zach Condon e companhia trazem a música clássica para o indie como ninguém.

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