Concertinices sobre discos: edição 2020 (II)

Fonte: Pinterest

O mês de férias já lá vai, e o rebuliço do dia-a-dia chegou em modo «avalanche». Por isso, antes que não tenha tempo para nada, sai mais uma edição das concertinices sobre alguns dos discos que me fizeram companhia durante o mês de Agosto. 


É o sétimo álbum de originais de Norah, composto por canções que foram sendo gravadas aqui e ali. Longe de soar desconexo, é um disco pessoal e interventivo com arranjos luminosos que acompanham letras mais sombrias sobre perda, arrependimento, indecisão e esperança. Colei logo em "Say No More" e "Were You Watching?", mas todas têm algo que me prende. Ou não fosse a voz de Norah um bálsamo para os meus ouvidos (como já referi várias vezes). E aqui mantém aquele tom jazzy e soulful que lhe assenta tão bem e me deixa sempre de coração cheio.



Ao terceiro disco, as irmãs Haim deixaram-se levar pela inspiração. O disco tem rock, pop, folk e até qualquer coisa de experimental, tornando-se por isso mais complexo do que os anteriores. Felizmente, não deixa de lado o som "catchy" e de Verão que lhes associo sempre. "Women In Music Pt. III" tem uma leveza que se sente em todos os temas, e tem também o seu quê de determinação e afirmação. "The Steps", "Don't Wanna", "Man From The Magazine" e "Hallelujah" foram as que mais rodaram na playlist das férias, mas todo o disco é óptimo para contrariar o negativismo que nos rodeia.


É uma das vozes que mais me tem marcado nos últimos anos, esta de Nadine Shah. É incrível, encarnando basicamente o que ela bem quiser e sempre de forma irrepreensível. Neste quarto disco, guia-nos e instiga-nos. Faz-se acompanhar por guitarras agressivas e incisivas, acutilantes até, por um baixo imponente e por uma percussão com groove que se movimenta subtilmente por entre a melodia. Pouco ou nada imediato, confesso que demorei a digerir este "Kitchen Sink". As canções vão ganhando o seu espaço em nós, aos poucos, até não conseguirmos ficar sem as ouvir. Poderosas, dramáticas, interventivas, com o seu quê de cómico também, sinto-as como uma crítica sobre o (suposto) lugar da mulher no mundo. Várias personagens dão-se a mostrar, ou talvez sejam os vários lados de uma só. "Ladies for Babies", "Trad" e "Kitchen Sink" são das mais imponentes, num conjunto marcado por uma performance vocal intensa, resultando num disco que parece querer arrancar-nos do marasmo em que às vezes nos encontramos. 



Provavelmente um dos nomes novos que mais me entusiasmou no ano passado. O segundo álbum está cá fora, cheio de canções de produção cuidada e marcadas por uma performance vocal intensa e apaixonada, e melodias tensas e hipnotizantes. Um disco em que convivem livremente caos e controlo, turbulência e calma, em que se libertam emoções e muita energia. Em muitos momentos, é um disco explosivo, em tantos outros, uma experiência sonora imersiva. Continuo viciada em "Circles", "Ostracized", "You said it" e "Out of Control" e dei por mim colada em "Against All Odds", que ao longo dos seus 8 minutos resume perfeitamente o trabalho incrível dos KOYO.



Aguardado com expectativa, depois daquele assombro que foi a versão de "Weird Fishes", não desiludiu. O terceiro disco da britânica transborda de alma e de amor. E de honestidade e autenticidade. A orquestração e a produção conferem aos temas um «live feel» que nos transporta de imediato para uma sala-estúdio. A voz de Lianne soa mais incrível do que nunca, meio smokey, sempre cativante, delicada, angelical. É um disco pessoal e emotivo que acompanha os diferentes estágios de uma relação, o bom e o menos bom. O ponto alto para mim continua a ser "Weird Fishes", mas mais do que um disco de momentos, é um disco reconfortante, paciente, slow-burning que nos vai aconchegando a alma e o coração. E à beira da chegada do Outono, não haverá melhor banda sonora para aquelas noites mais frescas que se avizinham.



Outro dos nomes novos que vão marcando o panorama do indie rock / pop. O álbum de estreia conta com 6 temas já bem conhecidos e outras tantas que seguem a mesma fórmula ganhadora: uma performance vocal irreverente e cativante, riffs contagiantes, refrões orelhudos e muita energia boa. Confesso que não me parece um disco «groundbreaking», mas aguça-nos a curiosidade para o que está para vir e sobretudo para a experiência ao vivo (que, se os deuses estiverem do nosso lado, acontecerá na edição de 2021 do NOS Alive). Nota máxima para "Ready For More", "Violet" e "Damage Done" que ainda rodam incessantemente na minha playlist.


Entretanto, e porque a indústria já mexe outra vez (felizmente), já rodam cá por casa os discos de Selma Uamusse, The Killers, Maya Hawke, Cut Copy, Rolling Blackouts Coastal Fever, Hannah Georgas e Everything Everything...

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