Disco do Dia: "Heavy Light", Norton
Créditos: Arlindo Camacho |
O meu destaque de hoje é "Heavy Light", o quinto álbum de originais dos portugueses Norton. Confesso que tenho passado um pouco ao lado da sua carreira, mas quando o novo disco me chegou aos ouvidos, resolvi levá-lo de férias comigo. E tenho a dizer que foi uma bela companhia para os dias de sol e descanso.
Ao longo de 9 canções, sobre amor, amizade e recomeços, tudo temas com os quais nos identificamos facilmente, os sintetizadores ganham às guitarras de sempre. As melodias puxam-nos para dançar, distraindo-nos dos males que nos rodeiam e nos condicionam, como se só assim pudéssemos finalmente focar-nos no que realmente (nos) importa.
"Changes" foi a primeira a ser conhecida e na altura não me entusiasmou por aí além. Mas de tanto a ouvir nas férias, tornou-se um gosto adquirido e hoje já me apanho a cantarolá-la de quando em vez. Os meus ouvidos colaram mais em "Passengers" (sobre a qual falei aqui), que continua a despertar em mim aquela vontade de abanar os pés como se não houvesse amanhã, numa espécie de ritual de libertação.
Já "Young Blood" e o seu riff de guitarra maravilhoso apelam às (minhas) memórias de noites de Verão, longas e despreocupadas com os amigos, enquanto que "Madrugada" inspira-me a balançar o corpo e a deixar-me levar pela melodia sedutora e cheia de groove.
Com "Galaxies" chega o primeiro momento de acalmia. É sabido que tenho alguma dificuldade com as canções mais lentas de projectos que são tendencialmente dançáveis. Mas, verdade seja dita, dá-me tempo para descomprimir, para parar e escutar o que vai cá dentro, e recuperar forças. Até porque "1977" faz regressar as guitarras reluzentes que tão bem caracterizam os Norton e que me animam sempre o espírito.
A que se segue é uma das minhas preferidas, a maravilhosa "Shibuya". Sempre que a ponho a tocar, transporta-me para a pista de dança e esqueço-me de tudo. Já o disse algumas vezes, «quem dança, seus males espanta» e esta canção, vibrante e luminosa, é perfeita para ajudar-nos a espairecer.
"Tango" apanhou-me desprevenida. À primeira escuta, é só mais uma canção contagiante. A linha de guitarra é notável e (mais uma vez) o baixo soa incrível. Mas quando pensamos que chegou ao fim, eis que ganha uma nova vida com o crescendo. É (in)tenso, e como não poderia deixar de ser, catártico também. E seguramente, um momento que será estrondoso ao vivo...
O fim chega ao som de "Save My Soul", perfeita para fechar a pista de dança ou um alinhamento. Uma canção que tem em si todas as emoções vividas ao longo do disco. Encontros, reencontros, mudanças, noites intermináveis, agitação e introspecção. E, no fim, o que fica é a energia da canção, como uma luz que emana não sabemos bem de onde, mas que nos transmite esperança. Há sempre uma luz ao fundo do túnel, e não devemos nunca esquecer-nos disso.
"Heavy Light" é um disco recheados de canções pessoais, de produção cuidada, com letras e melodias que mexem connosco. Mas, para mim, foi muito mais do que isso, foi libertador. E ainda é.
Num momento em que tudo parece condicionar a nossa vida diária, estas canções permitem-nos desanuviar, respirar fundo e equilibrar a alma. E "só" por isso, merece ser escutado.
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