Concertinices sobre discos, edição 2019 (IV)
Fonte: Pinterest |
A edição de hoje é a última de 2019 e conta com os discos destes 3 meses, que mais têm rodado por cá e que teimam em ficar comigo.
É o décimo primeiro da carreira dos Stereophonics, (mais) uma colecção de canções emotivas, com a dose certa de optimismo e de esperança, que tanta falta fazem nos dias de hoje. Kelly Jones continua a ter uma das vozes que mais me aquece o coração e é um escritor/compositor de canções incontornável. Nota máxima para "Fly Like An Eagle", o primeiro avanço que na altura me conquistou logo (ler aqui). Destaque também para a roqueira "I Just Wanted The Goods", para o som "típico" dos moços em "Bust This Town" e para a esperançosa "Don't Let The Devil Take Another Day".
O primeiro best of dos britânicos, 14 anos depois do primeiro disco que ainda é um dos (meus) favoritos de sempre. Como é habitual nestas coisas, também há novidades: a synth pop de "Upside Down", a electrónica de "Frankenstein" (a canção para os freaks) e a viciante "Black Gold", canção de estádio q.b. como eles sabem tão bem fazer. O resto do alinhamento mostra a versatilidade e, porque não, a evolução da banda nesta coisa das canções.
Há o post-punk de "Munich", "An End Has A Start" e "Bullets", uma viagem pelos sintetizadores em "Papillon" e "A Ton of Love", passando pelos clássicos incontornáveis "Smokers Outside the Hospital Door" e "The Racing Rats". "No Sound But The Wind" não poderia faltar e felizmente para mim a edição conta também com "Sugar" e "No Harm". "Hallelujah (So Low)" e "Magazine" foram instintivamente das que mais me marcaram em "Violence" e ainda bem que ganharam o seu lugar na colectânea.
Há o post-punk de "Munich", "An End Has A Start" e "Bullets", uma viagem pelos sintetizadores em "Papillon" e "A Ton of Love", passando pelos clássicos incontornáveis "Smokers Outside the Hospital Door" e "The Racing Rats". "No Sound But The Wind" não poderia faltar e felizmente para mim a edição conta também com "Sugar" e "No Harm". "Hallelujah (So Low)" e "Magazine" foram instintivamente das que mais me marcaram em "Violence" e ainda bem que ganharam o seu lugar na colectânea.
As favoritas dos concertos não faltaram, as icónicas também não. E por isso, para mim, é um apanhado certeiro de uma carreira tão diversificada. (A versão deluxe conta com o extra "Distance: the acoustic recordings", sessão que colou melhor que "Blanck Mass Sessions", ainda que "Violence" perca um pouco daquela pujança que lhe adoro.)
Já muito se disse e se escreveu sobre "Kiwanuka" e é dos poucos deste ano que gera consenso por aí como um dos discos do ano. E parece-me que com razão.
"Kiwanuka" tem tudo. Tem ritmo, groove e alma, soa vintage e soa novo ao mesmo tempo, tem arranjos irrepreensíveis, interlúdios que definem o ambiente e uma voz incrível. Nas suas canções, há um inconformismo e alguma rebeldia, há peso político e social nas letras, mas há também glamour e sofisticação. "Kiwanuka" é um disco de orquestrações ricas e que enchem os nossos ouvidos, a fazer lembrar as obras dos anos 60 e 70, uma composição musical onde encontramos jazz, soul, funk, afrobeat e mais uma panóplia de sons, texturas e instrumentos. "You Ain't The Problem", "Piano Joint (This Kind of Love)", "Living in Denial", "Hero" e "Final Days" são exemplos mais do que perfeitos do quão rico é o mundo novo de Michael Kiwanuka.
"Kiwanuka" tem tudo. Tem ritmo, groove e alma, soa vintage e soa novo ao mesmo tempo, tem arranjos irrepreensíveis, interlúdios que definem o ambiente e uma voz incrível. Nas suas canções, há um inconformismo e alguma rebeldia, há peso político e social nas letras, mas há também glamour e sofisticação. "Kiwanuka" é um disco de orquestrações ricas e que enchem os nossos ouvidos, a fazer lembrar as obras dos anos 60 e 70, uma composição musical onde encontramos jazz, soul, funk, afrobeat e mais uma panóplia de sons, texturas e instrumentos. "You Ain't The Problem", "Piano Joint (This Kind of Love)", "Living in Denial", "Hero" e "Final Days" são exemplos mais do que perfeitos do quão rico é o mundo novo de Michael Kiwanuka.
Em entrevistas, o artista referiu que este disco é uma forma de assumir o orgulho que tem em si e nas suas origens, de mostrar que (já) não tem medo de ser quem é. E eu só espero que ele continue a presentear-nos com discos assim.
Aqui Está-se Sossegado - Camané & Mário Laginha
É um disco de fado ao piano, por isso não poderia deixar de falar nele. Tem 14 temas, dos quais 5 inéditos, e todos absolutamente irresistíveis. Mas rendi-me a "Se Amanhã Fosse Domingo", a "Amor É Fogo Que Arde Sem Se Ver" e aos instrumentais "Fado Barroco" e "Rua da Fé". A voz de Camané é uma das minhas favoritas por entre os fadistas e sinto sempre que ele tem mesmo o espírito do Fado em si. Mário Laginha é um pianista «do caraças» e tem o dom de conseguir criar arranjos magníficos para temas de qualquer estilo/género. Aqui, sente-se a amizade e a cumplicidade dos dois (grandes) artistas, e o amor pela música em cada nota. É claramente um dos discos do ano, pelo menos para mim.
30 minutos de amor, de reconciliação, de saudade, de conforto, de paz. O homem morreu mas o artista e a sua obra ficarão para sempre. Adam Cohen pegou nas canções inacabadas do pai e entregou-nos uma espécie de tributo, uma prova de admiração. Das 9 canções, não consigo escolher apenas uma. Todas elas me tocaram o coração e me deixaram com as emoções à flor da pele. Mas confesso que escutar as palavras de Cohen em "Listen To The Hummingbird" e depois o silêncio absoluto, é deveras arrepiante.
Pode não bater em sentimento e em significado o anterior "You Want It Darker", mas este curto e intenso álbum póstumo não poderia ficar de fora da minha lista de discos do ano.
Pode não bater em sentimento e em significado o anterior "You Want It Darker", mas este curto e intenso álbum póstumo não poderia ficar de fora da minha lista de discos do ano.
Sem comentários: