As (melhores) memórias do segundo disco de Captain Boy

"Memories And Bad Photographs" é o nome do segundo disco de Captain Boy, projecto do vimaranense Pedro Ribeiro, lançado na passada sexta-feira.
De acordo com o press release, «conta com oito músicas criadas a partir de memórias (das memórias) de pessoas que fizeram parte da vida do artista ou de episódios que o marcaram». Talvez por isso, o disco me tenha soado tão nostálgico.

A ideia inicial era falar sobre o álbum, mas confesso que não me arrebatou verdadeiramente. Senti maior ligação com as músicas mais «mexidas», não tanto com as mais calmas. Não que sejam más ou aborrecidas, que não são.
Aliás, todas as composições são bem construídas e com arranjos envolventes. E achei deveras interessante a adição de outros instrumentos como o órgão, o piano, o trompete e o saxofone, que acrescentam ainda mais cor às canções.
Mas, como já disse mais do que uma vez, nestas coisas da Música, nem tudo faz sentido racional e emocionalmente, e há sempre canções que nos puxam mais do que outras. Neste caso, foram três as canções que me cativaram mais enquanto ouvia o disco.

A começar pelo single de apresentação "Balloons and Melodies", que me deixou logo com os ouvidos em sentido, com aquela linha de baixo tão marcada e avassaladora. É uma canção densa e nostálgica, mas com um lado roqueiro, que ganha um brilho imenso com o solo de saxofone, tão delicioso e envolvente.


"Carminda", em homenagem à avó de Pedro, também se destacou pelo som mais tradicional, mais popular. A percussão é provavelmente um dos elementos mais imponentes, mas, para mim, é o solo de guitarra que realmente completa tudo. 


No entanto, diria que foi "I Left My Shoes Outside", o segundo single, que me prendeu no imediato. O som principal mais grave - que, às tantas e sem saber bem porquê, me levou aos acordes de "Only Pain Is Real" dos Silence 4 - encaixou perfeitamente nos meus ouvidos. E a entrada das teclas e do trompete iluminam o tema de tal forma que se torna extremamente equilibrado. A letra também mexeu comigo, e o ritmo acelerado traduz na perfeição alguma irreverência que o ambiente sonoro transmite.


Falta falar da voz do Pedro Ribeiro.
Despertou-me a atenção, claro, por ser tão distinta e nada imediata. Não foi «amor à primeira escuta», sentia-a pouco polida, crua, rouca q.b.. Mas à medida que o disco foi tocando, o desconforto inicial desvaneceu-se e os meus ouvidos habituaram-se. Ainda assim, nas tais canções mais calmas onde a voz parece sempre ter maior destaque, não me entusiasmei. Para mim, a coisa funciona bem melhor nas músicas com mais ritmo.

Captain Boy não é nem de perto nem de longe algo que se enquadre no que ouço habitualmente, mas ainda bem que me chegou aos ouvidos. Há em "Memories and Bad Photographs" uma noção de familiaridade, no sentido em que facilmente nos identificamos com as histórias que nos são contadas. Quer sejamos levados pela nostalgia ou pela saudade de outros tempos, estas canções trazem-nos conforto. E nestes dias em que o sol já teima em não aparecer, não há nada melhor.

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