Wine & Music Valley: as aventuras de Ni, a nossa enviada especial


Hoje vamos falar na primeira edição do Wine & Music Valley, que aconteceu no passado fim-de-semana em Lamego. 
Com a equipa afundada em trabalho, decidimos que deveríamos ter uma representação em "campo", e a Ni desde logo se ofereceu para nos ajudar. Aqui fica o seu relato em relação ao que lá se passou.

"Setembro de 2019, Douro. 
Época de vindimas e de calor. Aquele calor, que vem da terra onde nasce o melhor vinho do mundo. 
Foi esta a região escolhida para o primeiro festival do país que junta produtores de vinho e música. O Wine & Music Valley é o primeiro festival de música onde o vinho é mesmo o rei. Com isto, digo que não há cerveja, mas há o melhor do Douro: os vinhos e a paisagem.

14 de Setembro de 2019, primeiro dia do festival Wine & Music Valley. A chegada ao recinto foi difícil. Se os shuttles anunciados eram insuficientes, o anunciado barco com capacidade para 50 pessoas ainda mais. Felizmente, a situação resolveu-se com um táxi.

Com um cartaz ecléctico mas muito bem direccionado para o recente boom turístico do Douro, o público apreciador de bons vinhos e boa gastronomia, o primeiro dia apresentava, no Palco Douro, António Zambujo, Salvador Sobral, Mariza e Brian Ferry, e, a fechar a noite, os já saudosos Dj Vibe e Rui Vargas.


António Zambujo e, mais tarde, Mariza cumpriram com o que os fãs estão habituados: canções em que todos cantam os refrões, e ambiente bem disposto.
A festa começou com António Zambujo, com direito a 3 minutos de chuva grossa - que se revelaram mágicos para assentar a poeira da gravilha que cobria todo o recinto -  e, depois, continuou com Mariza, já com uma plateia mais composta, e uma imensidão de lanternas de telemóvel.

Já Salvador Sobral começou o concerto a ser sarcástico “as usual”, afinal, o Douro Wine and Music Fest soa bem melhor do que "festival do vinho e da música do Douro".
Avisou que o concerto ia ser curto, tinha apenas 50 minutos... do que não se estava à espera era que o som do palco secundário abafasse a sua actuação, o que o fez abandonar o palco ao fim de poucas músicas.


E, afinal, o que se passava no palco secundário? 
O alinhamento não me chamou a atenção, confesso, a não ser "o que estaria a interferir com o concerto do Salvador Sobral"!? Fui lá, claro. E eis que me deparo com uma plateia reduzida mas animada, multi-geracional e Internacional, a dançar ao ritmo dos Omiri. Não conhecia, por isso confesso que a curiosidade me fez ir pesquisar o estranho, rural e dançável som.
No Google, os Omiri, aparecem associados ao género Dance/Electrónica, e quase que senti vergonha de nunca ter ouvido falar de Vasco Ribeiro Casais quando continuei a pesquisa.
Omiri é um projecto de Vasco Ribeiro Casais e Tiago Pereira (vídeo-jocking) (e sabe a Chavininha como fujo de vídeo-jocking Português...) mas aqui fundem-se de uma maneira tão “nossa” que se cria harmonia entre os samples de instrumentos estranhos de Vasco Ribeiro Casais com o vídeo em tempo real de Tiago Pereira: imagens de tascas, casas de aldeia, matanças do porco, e acima de tudo pessoas das aldeias que dançam e cantam as suas ladainhas. 


Omiri é, acima de tudo uma harmonia entre o som e o vídeo, a aldeia e as cidades, entre o interior profundo e o litoral. Omiri é uma mistura de folk tradicional com música electrónica. Vasco Ribeiro Casais toca viola Braguesa, Gaita de Foles, Bouzouki Português, Cavaquinho e Nyckelharpa.
No palco, estavam ainda dois bailarinos que não sei se são de encenação anterior ou posterior à performance de João Reis Moreira com Conan Osíris, mas que do pouco que vi, transmitiam o mesmo carácter estético ao espectáculo.
A ouvir, sem qualquer dúvida, com mais atenção, é para quem gosta de Conan Osiris e David Bruno, se não são apreciadores do género desistam.

Enquanto não começava o concerto de Mariza, resolvi ir até à praça de alimentação. Aqui começava o caos. Um espaço que não se percebe tão pequeno, com pouca oferta e filas intermináveis. Voltei-me para a secção dos Chef e encontrei mais filas. E eis que quando chegou a minha vez já só tinham dois dos seis pratos de autor anunciados.

No carregamento das pulseiras, mais filas.

Não circula dinheiro no festival. Na pulseira de entrada, carregamos o valor que pretendemos e vamos gastando. Tem vantagens? Sim, o facto de não termos de andar com dinheiro e trocos, mas é necessário alertar as pessoas à entrada do festival para a necessidade de carregamento e das formas de o fazer. Foi caótico ver pessoas nas filas para comprar um copo e vinho e a voltarem para uma nova fila para carregar a pulseira, quando havia uma aplicação disponível.

E tudo isto se passava sem espaços para nos sentarmos, com excepção de poucas mesas em frente às barracas da alimentação que só lhes dificultavam o acesso, e sem sombras. Por sorte, o sol esteve tímido, o que quase nunca acontece nesta altura do ano.
Ah, e não confirmo nem desminto mas, consta que, acabou a água para venda a meio da noite.


De volta à música, a noite foi indiscutivelmente de Bryan Ferry, músico inglês que ficou conhecido como vocalista e fundador dos Roxy Music, em 1970. E sim, Bryan Ferry não faz propriamente parte da minha check-list de clássicos mas uma vez mais se confirma que o senhor de 73 anos, a celebrar 74 a 26 de Setembro, ainda se encontra em grande forma e consegue aguentar 1h30min no palco, sem desafinar, a gingar e a interagir com o público.
Com uma banda de 9 elementos, de performance irrepreensível, destaque para o coro de três elementos, para a violinista Marina Moore que brilhou com notas agudas enquanto Ferry dançava pelo palco e para a segunda estrela da banda a saxofonista Jorja Chalmers (que para além de trabalhar com Roxy Music e Bryan Ferry, pode ser encontrada em digressão com os Ting Tings e Patrick Wolf). O alinhamento de Ferry focou-se no álbum final dos Roxy Music, "Avalon" de 1982, mas incluiu material de praticamente todos os álbuns do Roxy Music, bem como alguns temas a solo e duas covers.


A noite terminou com os dinossauros DJ Vibe e DJ Rui Vargas.

Resumindo, o Wine & Music Valley é um festival com promessa de regresso em 2020, com tudo para ser uma referência e entrar no circuito dos festivais internacionais de música e de vinho. Basta manter o conceito e melhorar os acessos, a distribuição e número das áreas de serviços, acrescentar locais sentados e sombras e manter (ou melhorar) a qualidade do cartaz. "

A equipa Phonograph Me agradece à Ni, a nossa enviada especialíssima a este evento (que por questões de logística, relacionadas com a atribuição tardia da credencial, só pôde estar presente no primeiro dia do festival) e promete continuar a contar com ela para as aventuras festivaleiras futuras.

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