A musicalidade de Catch Prichard no novo single "Lipstick & Fur"

 
Rochelle Arucan

Catch Prichard, banda de Oakland, chegou-me aos ouvidos com "Lipstick & Fur", uma peça musical intensa e desconcertante, mas em bom. Intensa, porque a voz barítono do frontman Sawyer Gebauer é assombrosa, soando antiga, cicatrizada, sofrida. Desconcertante, porque, afinal, o moço é jovem.

O single deslumbrou-me. A começar pela voz, pois claro, maravilhosa, profunda, romântica, emotiva. Daquelas que «primeiro estranha-se, depois entranha-se». Fico sempre emocionada quando o ouço, tal é o domínio da voz. Como soa controlado e descontraído ao mesmo tempo. Como consegue provocar assombro e calma ao mesmo tempo.

[Tudo isto torna-se ainda mais impactante sabendo que o single e o disco de estreia ""I Still Miss Teresa Benoit", que sai no dia 23.04, foram gravados no início da pandemia, sem que Gebauer soubesse que estava infetado com covid-19. O que sabia era que a sua voz estava debilitada - com menos alcance, menos foco, menos flexibilidade. A opção de re-gravar foi posta em cima da mesa, mas a banda decidiu deixar tudo intacto, já que o álbum marca uma era, tornando-se, literalmente, um produto da pandemia.]


"Lipstick & Fur" é uma canção opulenta e exuberante, fazendo lembrar os arranjos clássicos de tempos antigos. Graças a uma melodia rica, com cordas reluzentes e arranjos de sopro poderosos, perfeitamente equilibrados, a canção entrega-nos uma musicalidade tremenda. O instrumental é deveras cativante e quente, e a voz de Sawyer é, como já disse, «simplesmente» maravilhosa, enchendo o ambiente com o seu tom barítono.

"Lipstick & Fur" colou à primeira escuta, de tão marcante. É intensidade em estado puro, uma canção absolutamente arrebatadora, que apetece ouvir uma e outra vez. De preferência, no sossego do lar, numa noite fria, e na companhia de um copo de vinho tinto.

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